Por que precisamos de vacinas anuais contra a gripe e a Covid-19?

A revacinação é a solução para conter o crescente número de casos dessas infecções.

Nosso país se encontra, neste momento, em uma situação bastante complicada na área das doenças respiratórias.

Habitualmente, temos infecções respiratórias no inverno. A temperatura baixa faz com que as pessoas permaneçam por mais tempo em locais fechados e se aproximem mais umas das outras, o que facilita a transmissão de vírus e bactérias.

Contudo, embora ainda as temperaturas estejam bastante altas, o que temos observado é que tanto a Covid-19 quanto a gripe estão acometendo as pessoas com frequência semelhante à que costuma ocorrer sob um clima mais frio.

Por enquanto, não temos como explicar a razão desse fenômeno, mas o aumento do número de casos é um fato, conforme demonstram as últimas edições dos nossos boletins epidemiológicos, infoKids e infoVirus.

Embora a Covid esteja incidindo há mais de quatro anos e muitos de nós já tenhamos tido a doença ou mesmo tomado várias doses da vacina, o Sars-CoV-2 sofre mutações com muita rapidez. Assim, ainda que se trate do mesmo vírus, seu material genético já não é exatamente o mesmo das fases iniciais da pandemia. Em decorrência disso, os anticorpos advindos de quadros pregressos ou de vacinas anteriores não são totalmente capazes de evitar novas infecções.

Para a Covid-19, a solução é atualizar as vacinações. Estão sendo produzidas versões mais novas dos imunizantes, contendo vírus mais semelhantes àqueles que estão em circulação agora.

Assim, além de conferirem um reforço na imunidade, os componentes das vacinas mais novas têm capacidade não apenas de diminuir a chance de adquirir infecção, como também de evitar formas mais graves da doença, caso venhamos a adoecer.

O que funciona para a Covid-19, funciona para a gripe

Outra questão extremante importante no momento é a gripe. Parece atípica a circulação do vírus influenza sob altas temperaturas, no fim do verão e início do outono, mas o aumento do número de casos de gripe em nossa população neste momento é notório. Esse comportamento, entretanto, não é exatamente uma novidade: desde 2021, depois do relaxamento das medidas de isolamento social que foram aplicadas durante a pandemia de Covid-19, têm sido observados picos extrassazonais de circulação de influenza A, tanto em crianças quanto em adultos, em diferentes épocas do ano. 

Além de evitarmos ambientes fechados e usarmos máscaras, novamente a solução passa pela imunização. O influenza também sofre mutações e o vírus que ora circula não é, necessariamente, o mesmo de temporadas anteriores.

Como médicos, é comum ouvirmos as pessoas dizendo: “Eu me vacinei contra a gripe, mas fiquei doente da mesma forma”. Ocorre que existem mais de 20 vírus diferentes que causam uma doença respiratória semelhante à gripe. Mesmo entre os médicos não é tão fácil saber, diante de uma infecção respiratória, se se trata do influenza ou de algum outro dentre esses 20 agentes virais causadores de “gripe”. Daí o fato de a vacina antigripe não ter o “poder” de evitar outras infecções.

De qualquer modo, uma coisa é certa e isso está claramente demonstrado em inúmeras pesquisas científicas: quem toma anualmente a vacina contra a gripe tem menos chance de contrair a doença e, caso venha a adoecer, apresentará um quadro menos grave.

De maneira geral, o imunizante contra a gripe possui eficácia por 6 a 8 meses. Assim, a vacina que tomamos no ano passado, ainda que o vírus não tenha sofrido uma grande mutação, já não consegue mais nos proteger. Por isso, é importantíssimo proceder à revacinação para atualizar a proteção contra o vírus atual e aumentar a imunidade.

Portanto, aquilo que vale para a Covid-19, vale também para a gripe. Vamos, então, aproveitar a oportunidade de nos vacinar contra as duas doenças com os imunizantes disponíveis.

Consultoria médica

Dra. Carolina Lázari
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Dr. Celso Granato
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