Métodos de imagem em destaque no diagnóstico da doença de Parkinson

​O diagnóstico da doença de Parkinson (DP) se baseia na presença de sintomas motores.

O diagnóstico da doença de Parkinson (DP) é essencialmente clínico e se baseia na presença de sintomas motores característicos, como bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e anormalidades posturais. A condição ainda não pode ser detectada na sua fase pré-clínica ou pré-motora, porém já existe a possibilidade de diagnosticá-la precocemente e até mesmo de confirmá-la por neuroimagem funcional – mais precisamente com a cintilografia com Trodat marcado com 99mTc, um traçador que se liga seletivamente aos receptores de dopamina pré-sinápticos (DAT) na substância negra do mesencéfalo. A perda desses receptores tem correspondência com a perda dos neurônios dopaminérgicos e pode ser demonstrada de forma muito sensível nas imagens SPECT mesmo nas fases iniciais da doença. A redução da densidade desses receptores está associada com a gravidade e com a progressão da DP. Por outro lado, imagens normais afastam a hipótese dessa doença.


Nos pacientes com quadro clínico típico e boa resposta à terapia com levodopa, nem sempre há necessidade de confirmação com exames funcionais. Contudo, nos indivíduos com indicação de procedimentos terapêuticos agressivos ou, ainda, no diagnóstico diferencial entre outras síndromes parkinsonianas e a DP, o uso da cintilografia com Trodat pode ser útil, já que há semelhanças nos sinais e sintomas dessas doenças em seus estágios iniciais, mas o tratamento e o prognóstico diferem. Na DP, vale assinalar, a redução da captação estriatal é mais assimétrica e acomete o putâmen de forma preferencial.


O exame também contribui com a diferenciação entre a doença de Alzheimer (DA), primeira causa de demência, na qual a captação se mostra normal, e a demência por corpúsculos de Levy, segunda causa, na qual há diminuição da captação no putâmen e no caudado.

Ultrassonografia transcraniana revela achado altamente prevalente em pacientes com doença de Parkinson idiopática


Paciente Normal
Paciente com Parkinson

Ultrassonografia transcraniana revela achado altamente prevalente em pacientes com doença de Parkinson idiopática


Ampliando os recursos para a abordagem do paciente com Parkinson, a ultrassonografia (US) transcraniana para avaliação do parênquima cerebral, um exame ainda pouco conhecido e oferecido no Brasil, detecta o aumento da ecogenicidade da substância negra, alteração que os aparelhos de ressonância magnética convencionais não conseguem ver. Esse achado está presente em pouco mais de 90% dos indivíduos com doença de Parkinson (DP) idiopática, mas tem prevalência muito baixa nos idosos hígidos (em torno de 8%), da mesma forma que em outras formas de parkinsonismo.


A relevância dessa descoberta, feita em 1995 pelo neurossonologista Georg Becker, foi corroborada por Berg e cols. em estudos prospectivos publicados em 2011 e 2012. Após avaliar uma coorte de 1.500 idosos saudáveis, os pesquisadores comprovaram que a presença de hiperecogenicidade da substância negra eleva em cerca de 22 vezes o risco de desenvolvimento de DP, o que tem conferido a esse achado o status de provável marcador pré-clínico da doença. Avanços dos estudos que utilizam o método também conseguiram associar tais alterações da ecogenicidade, dos núcleos da base e da rafe mediana com outros transtornos do movimento, como tremor essencial, coreias, distonias e outras síndromes parkinsonianas.


PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA US TRANSCRANIANA DO PARÊNQUIMA CEREBRAL:


• Diagnóstico diferencial entre parkinsonismo, DP, quadros atípicos de parkinsonismo, ou Parkinson-plus

• Diagnóstico diferencial das etiologias de tremor, tremor essencial e tremor relacionado à DP

• Auxílio ao diagnóstico diferencial dos distúrbios de marcha em idosos que apresentam quadro atípico da DP, com alteração da marcha e bradicinesia


US transcraniana de mulher de 59 anos, com parkinsonismo, apresenta hiperecogenicidade marcada da substância negra à direita (área de 0,43 cm2)