Artrite reumatóide: alterações no RX são mais tardias que as encontradas no ultra-som ou na ressonância | Revista Médica Ed. 5 - 2008

A ressonância magnética pode identificar erosões ósseas em menos de seis meses de evolução da doença.

A ressonância magnética pode identificar erosões ósseas em menos de seis meses de evolução da doença.

O caso
Paciente do sexo feminino, 37 anos, apresentava artrite simétrica em punhos e articulações metacarpofalangianas, iniciada cinco meses antes. O quadro era acompanhado de rigidez matinal superior a uma hora.

Exames realizados
As provas de atividade inflamatória (VHS e PCR) tiveram valores elevados e a pesquisa dos auto-anticorpos relacionados com a artrite reumatóide acusou a presença do antipeptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP), mas não a do fator reumatóide. O estudo radiográfico (RX), por sua vez, não apontou alterações evidentes. Já a ressonância magnética (RM) com contraste demonstrou claramente o espessamento sinovial nas articulações afetadas, assim como edema ósseo e pequenas erosões no punho, ambos característicos da artrite reumatóide (AR).

A discussão
Os métodos de imagem vêm ganhando papel de destaque no diagnóstico precoce da artrite reumatóide, doença crônica sistêmica, inflamatória e auto-imune, cuja prevalência varia de 1% a 2% na população geral. As radiografias convencionais evidenciam achados comuns a essa condição, como osteopenia periarticular, redução do espaço articular, erosão e deformidades articulares, os quais, no entanto, são mais tardios na evolução da AR. Já a ressonância magnética e a ultra-sonografia articular têm sido cada vez mais utilizadas em pacientes com essa suspeita, uma vez que tais métodos apresentam grande sensibilidade para visualizar a sinóvia, favorecendo a detecção de erosões ósseas ainda numa fase precoce da doença. A RM, em particular, consegue demonstrar erosões em menos de seis meses de evolução da artrite, sendo ainda capaz de apontar o edema ósseo, considerado um estado pré-erosivo. O método também permite uma melhor análise topográfica das lesões e o estudo evolutivo volumétrico das erosões e do espessamento sinovial, o que pode ser útil no acompanhamento e na resposta à terapêutica instituída.

Imagens de ressonância magnética com contraste no plano axial das metacarpofalangianas (A) e nos planos axial (B) e coronal (C) do punho evidenciam espessamento sinovial (setas amarelas), erosões ósseas (setas verdes) e edema ósseo (setas vermelhas).

Assessoria Médica
Dr. Jader J. Silva: [email protected]