As pistas do liquor | Revista Médica Ed. 1 - 2010

O diagnóstico diferencial das meningites depende da análise do LCR, embora o tratamento deva começar imediatamente, sobretudo na hipótese de etiologia bacteriana.

O diagnóstico diferencial das meningites depende da análise do LCR, embora o tratamento deva começar imediatamente, sobretudo na hipótese de etiologia bacteriana.

Diante de uma suspeita clínica de meningite bacteriana, a coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR) deve ser feita imediatamente nos pacientes sem contraindicações para a punção liquórica. Nos demais, como os que apresentam sinais clínicos de hipertensão intracraniana, por exemplo, é necessário realizar pelo menos uma hemocultura. Independentemente da situação, a antibioticoterapia tem de ser instituída precocemente, tão logo se levante a suspeita diagnóstica, em virtude da potencial gravidade das meningites bacterianas e de sua rápida evolução, caso o tratamento seja postergado. Essa recomendação ganha ainda maior importância se houver suspeita de origem meningocócica – como em casos com lesões cutâneas purpúricas e/ou instabilidade hemodinâmica –, dada a morbimortalidade associada à meningococcemia. Segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, no período de 1998 a 2009 o meningococo foi o principal agente etiológico das meningites bacterianas no Estado de São Paulo, tendo sido o responsável por 25% a 45% dessas infecções. Por outro lado, em metade dos casos de meningite geral que ocorrem no Brasil a cada ano – 14.051, em 2009, e 23.129, em 2008 –, a etiologia não é definida. No entanto, a análise do liquor, incluindo métodos específicos para a identificação do agente etiológico, fornece várias pistas para traçar um melhor panorama epidemiológico das meningites no Brasil, como mostra a tabela a seguir: