Biópsia renal com agulha guiada por exame de imagem | Revista Médica Ed. 5 - 2007

O procedimento é essencial para definir a etiologia de nefropatias

O procedimento é essencial para definir a etiologia de nefropatias

Diversas doenças renais, com tratamento e prognóstico diferentes, costumam se apresentar com o mesmo conjunto de manifestações clínicas, razão pela qual a definição de sua etiologia muitas vezes depende da realização de uma biópsia renal. Na maior parte das vezes, esse procedimento é realizado com agulha guiada por método de imagem, como a ultra-sonografia ou a tomografia computadorizada, sob anestesia local. Por ter um risco de complicações atualmente muito baixo, o exame pode ser feito em ambiente ambulatorial.

O material de biópsia renal exige um processamento diferenciado, com o preparo de três fragmentos que são preservados em meios distintos: formaldeído para a microscopia óptica convencional, meio de transporte de Michel para a imunofluorescência e glutaraldeído para a microscopia eletrônica. Evidentemente, a análise depende de um médico com treinamento específico em Patologia Renal.

Principais indicações da biópsia renal
• Síndrome nefrótica
• Síndrome nefrítica
• Insuficiência renal aguda
• Insuficiência renal rapidamente progressiva
• Proteinúria ou hematúria de origem indeterminada
• Acompanhamento pós-transplante renal
Algumas doenças diagnosticadas pela biópsia renal
• Nefropatia por IgA
• Nefrite lúpica
• Glomerulopatia membranosa
• Nefropatia por membrana fina
• Glomerulonefrite crescêntica
• Glomerulopatia membranoproliferativa
• Glomerulosclerose focal




Microscopia óptica corada por HE mostra segmento glomerular esclerótico (setas) em paciente com glomerulosclerose segmentar e focal (GESF).
Microscopia óptica de biópsia renal corada por PAMS revela desdobramentos e espículas (setas) da membrana basal glomerular em paciente com nefrite lúpica.


O passo-a-passo da biópsia renal
Preparo
• Entrevista e avaliação de exames pré-biópsia: hemograma e coagulograma
• Investigação de condições clínicas que contra-indicam o procedimento:
- Rim único
- Hipertensão arterial de difícil controle
- Infecção das vias urinárias
- Coagulopatias
Procedimento
• Anestesia local: quando necessário, a sedação fica a cargo de um anestesista
• Realização de ultra-sonografia e demarcação do melhor local para a biópsia, que é feita com agulha especial, guiada pelo exame de imagem mais adequado
• Retirada de dois ou três fragmentos para análise, que têm sua qualidade imediatamente avaliada
Cuidados posteriores
• Nova avaliação clínica e ultra-sonografia de controle
• Repouso no local do procedimento por cerca de 8 a 12 horas e alta com orientação de cuidados
• Complicações: dor local e hematúria (4,5%); hematoma perinefrético, tratado de forma conservadora (de 1% a 2%)


O papel da imunofluorescência na investigação das glomerulopatias


Imunofluorescência direta em biópsia renal exibe intensa positividade para IgG, com padrão granular em alça capilar.

A imunofluorescência direta in situ das biópsias renais é um exame muitas vezes indispensável para complementar o diagnóstico histológico das glomerulopatias. Feita por método imunoistoquímico fluorescente, consegue detectar depósitos de IgA, IgG e IgM, frações C1q e C3c do complemento e proteínas séricas no tecido renal em estudo, assim como a presença de fibrinogênio, de albumina e das cadeias leves kappa e lambda de imunoglobulina.

As principais glomerulopatias cursam com acúmulos renais dessas moléculas, principalmente as causadas por distúrbios imunológicos e/ou por deposição de imunocomplexos.

Equipe médica
Radiologia Intervencionista
Dr. Roberto Bastos: [email protected]
Anatomia Patológica
Dr. Leonardo de Abreu Testagrossa: [email protected]

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