Capacidade reprodutiva na mulher pode ser avaliada por diversos testes | Revista Médica Ed. 3 - 2012

Sociedades médicas internacionais recomendam a ressonância magnética como o método mais indicado para a triagem dessas pacientes, mas sempre em associação com a mamografia.

Além do FSH, somam-se agora aos recursos laboratoriais as dosagens da inibina B e do hormônio antimülleriano.

As mudanças culturais e econômicas das últimas décadas têm, cada vez mais, resultado no adiamento da maternidade. Com isso, cresceu também a preocupação com o futuro reprodutivo, uma vez que as mulheres nascem com um número fixo de células germinativas não renováveis no decorrer da vida.

Em face das modificações na dinâmica de crescimento do folículo ovariano, é possível estimar a atividade do folículo e sua produção hormonal, além da probabilidade de ovulação e, eventualmente, de todo esse processo resultar numa gestação. Hoje, os métodos mais utilizados para avaliar a capacidade reprodutiva são as dosagens de níveis basais de hormônio foliculoestimulante (FSH) e de inibina B, bem como a já conhecida contagem de folículos ovarianos antrais por ultrassonografia.

Por não apresentar variações consideráveis durante o ciclo menstrual, também vem ganhando espaço nesse terreno o hormônio antimülleriano (AMH), um peptídeo produzido pelas células da granulosa de folículos pré-antrais que se relaciona à inibição do desenvolvimento folicular em seus estágios iniciais.

 

Hormônio antimülleriano correlaciona-se com o declínio dos folículos ovarianos

Pertencente à superfamília do fator de crescimento TGFβ, o AMH é uma glicoproteína mais conhecida por induzir a regressão dos chamados ductos de Müller durante o processo de diferenciação sexual. Sua dosagem tem sido utilizada na avaliação da reserva ovariana e na investigação da transição menopausal, assim como na predição da hiper-resposta do ovário em ciclos induzidos. Além disso, relaciona-se com a contagem de folículos antrais pela ultrassonografia e com os níveis basais de FSH no início do ciclo, podendo ainda apresentar níveis elevados em pacientes com síndrome dos ovários policísticos. Na prática, tem sido observado que o AMH apresenta as primeiras modificações na atividade dos ovários, antes dos outros marcadores, e que, dentre os demais, ele parece ser o que melhor reflete o declínio do pool de folículos.

 

Inibina B pode esclarecer a causa da insuficiência ovariana

A queda do número de folículos na perimenopausa leva a uma progressiva diminuição dos níveis séricos de inibina B, uma glicoproteína igualmente da família do fator de crescimento TGFβ, produzida sobretudo pelos ovários e pela placenta, razão pela qual tem sido usada como marcador da atividade dos folículos e da reserva ovariana. Além disso, sua dosagem é útil para investigar a etiologia da insuficiência dos ovários, pois, embora a grande maioria dos casos permaneça sem causa definida, a dosagem da glicoproteína pode auxiliar a diferenciação de ooforite autoimune. Afinal, na fase inicial dessa condição, existe a possibilidade de destruição preferencial de células da teca interna, com preservação das células da granulosa – e consequente preservação dos níveis das inibinas. Assim, diante de suspeita de falência ovariana, valores normais ou elevados de inibinas sugerem o diagnóstico de ooforite autoimune, enquanto valores baixos indicam insuficiência idiopática. Vale adicionar que o exame também pode ter utilidade na investigação de tumores das células da granulosa, visto que a inibina B apresenta níveis elevados nessa situação clínica.

 

Assessoria Médica
Dr. Gustavo Arantes Rosa Maciel:
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