Como avaliar o risco cardiovascular | Revista Médica Ed. 1 - 2004

Além do perfil lúdico, outros marcadores contribuem para estratificar a suscetibilidade de um indivídui a afecções dessa natureza.

Além do perfil lúdico, outros marcadores contribuem para estratificar a suscetibilidade de um indivídui a afecções dessa natureza.

No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade e sua patogenia está muito ligada à aterosclerose. Existem diversos exames laboratoriais que ajudam a determinar a possibilidade de uma pessoa desenvolver tais afecções e a elaborar medidas que reduzam sua ocorrência. Sabe-se, por exemplo, que o risco relativo de um paciente ter um problema cardiovascular é de 0,7 quando seu colesterol total está em 150 mg/dL e de 4 quando os valores dessa dosagem encontram-se acima de 300 mg/dL. Níveis baixos de HDL-colesterol e elevados de LDL-colesterol e triglicerídeos igualmente aumentam a chance de um evento vasoclusivo.
Outros fatores, além da história clínica do indivíduo, contribuem para a definição final do risco cardiovascular:

Lipoproteína (a) (Lp (a)) – Associada a maior chance de evento vasoclusivo quando ultrapassa 30 mg/dL.
Apolipoproteínas A-1 (Apo A-1) e B-100 (Apo B-100) – São, respectivamente, os componentes protéicos mais relevantes do HDL- colesterol e do LDL-colesterol. A razão Apo A-1/Apo B-100 se correlaciona melhor com o risco do que os valores isolados.
Homocisteína – Relacionada com o aumento da possibilidade de vasoclusão arterial e venosa quando seus níveis encontram-se elevados.
• Proteína C reativa (PCR) de alta sensibilidade – Utilizada como um indicador de inflamação em placa ateromatosa, que, por sua vez, se associa a maior probabilidade de ruptura e subseqüente evento oclusivo agudo. Classicamente, a PCR é usada como marcador de processo infeccioso ou inflamatório e tem, como valor de referência para essa finalidade, concentração de até 0,50 mg/dL. Para a determinação de risco cardiovascular, a referência é de até 0,11 mg/dL.

Recomenda-se começar a investigação laboratorial de risco cardiovascular a partir dos 20 anos, com a dosagem de triglicerídeos e do colesterol total e suas frações a cada cinco anos, caso os resultados estejam dentro dos valores de referência. Tais exames, no entanto, precisam ser mais freqüentes se houver alguma anormalidade ou outros fatores que tornam uma pessoa suscetível a esse tipo de doença. Já a realização dos demais testes deve ser considerada quando for necessária a estratificação de um risco já identificado ou, mesmo com resultados normais, em situações em que as histórias médicas individual e familiar sugerirem a possível ocorrência de um problema cardiovascular.

Valores de referência do colesterol total e suas frações
e dos triglicerídeos

Colesterol total
(mg/dL)

LDL-colesterol
(mg/dL)

HDL-colesterol
(mg/dL)

Triglicerídeos
(mg/dL)

Desejável: <200
Limítrofe: 200-239
Elevado: >240
Ótimo: <100
Subótimo: 100-129
Limítrofe: 130-159
Elevado: 160-189
Muito elevado: >190
Normal: >40
Normal: <150
Limítrofe: 150-199
Elevado: 200-499
Muito elevado: >500