Compare os demais métodos de imagem para o rastreamento do adenocarcinoma pancreático | Revista Médica Ed. 2 - 2012

O patologista tem papel fundamental para indicar o uso desse método complementar, de acordo com as peculiaridades de cada caso.

Não existem recomendações bem definidas sobre o rastreamento do câncer de pâncreas na população com ou sem fatores de risco. A American Gastroenterological Association sugere apenas que a investigação deva se iniciar aos 35 anos de idade em pacientes com pancreatite hereditária e, nos indivíduos com história familiar de câncer de pâncreas, dez anos antes da idade do parente no momento em que este teve a doença.

A tomografia computadorizada (TC) multislice é atualmente considerada um dos principais métodos para o diagnóstico do adenocarcinoma pancreático, com sensibilidade entre 86% e 97%, conseguindo detectar lesões <2 cm em 77% dos casos. Nos demais, fica patente a utilidade da ecoendoscopia.

O aspecto típico do tumor à tomografia é o de um nódulo hipodenso e hipovascularizado após a administração de contraste iodado endovenoso, com localização principalmente cefálica, que determina aumento volumétrico focal.

A lesão também costuma estar associada à dilatação ductal pancreática ou biliar e à atrofia do parênquima glandular a montante. Por sua vez, a ultrassonografia (US) abdominal, embora seja uma excelente ferramenta para a investigação da doença litiásica biliar ou para a avaliação inicial de pacientes com suspeita clínica de icterícia obstrutiva, tem sensibilidade inferior à da TC ou da ressonância magnética (RM) para a detecção de lesões sólidas pancreáticas.

Fatores como o biotipo do paciente ou a interposição gasosa intestinal podem limitar o acesso da US ao pâncreas e ao retroperitônio, dificultando o diagnóstico de lesões pequenas ou não obstrutivas.

Já a RM, apesar de ter sensibilidade similar ou discretamente maior que a TC na identificação do tumor, é um exame mais caro e menos reprodutível, além de necessitar de maior colaboração do paciente. Sendo assim, só está indicada diante de alguma contraindicação ao meio de contraste iodado, utilizado na TC, ou na eventualidade de dúvida na tomografia.

De qualquer modo, pode também contribuir para o diagnóstico e o planejamento cirúrgico por possibilitar o mapeamento das vias biliares e do ducto pancreático, o que se obtém com a associação de sequências de colangiopancreatografia, que são realizadas de forma não invasiva e sem uso de contraste endovenoso.

Alta letalidade do câncer de pâncreas está relacionada a diagnósticos tardios
Segunda neoplasia maligna do aparelho digestivo mais frequente nos EUA e quarta causa de morte por câncer naquele país, o adenocarcinoma de pâncreas, no Brasil, representa 2% de todos os tipos de tumor maligno e responde por 4% das mortes por doenças neoplásicas. A alta letalidade se deve à sua característica insidiosa, já que o tumor se instala em silêncio e, quando os sintomas se manifestam, já são tardios no curso da doença. A icterícia é um dos principais sinais encontrados, especialmente nos tumores da cabeça do órgão, e ocorre em 50% desses pacientes. Pode haver dor pós-prandial no andar supramesocólico, com irradiação para a região dorsal, além de náuseas, anorexia, fadiga e emagrecimento. O diabetes mellitus costuma aparecer cerca de dois anos antes do diagnóstico do adenocarcinoma, nem sempre associado à obesidade. Convém lembrar que esse câncer é incomum antes dos 45 anos de idade, tendo pico de incidência entre os 65 e os 75 anos, e acomete mais os homens. O fator ambiental mais relacionado à doença é o tabagismo. Vários grupos populacionais também apresentam risco aumentado de desenvolver a neoplasia, por conta de serem portadores de alterações genéticas germinativas, entre as quais a mais proeminente é a pancreatite hereditária, transmitida de forma autossômica dominante. Em vista do diagnóstico geralmente tardio, o prognóstico costuma ser desfavorável na maioria dos casos. Se combinados todos os estágios, a sobrevida para um e cinco anos é de 24% e 5%, respectivamente. Diante disso, percebe-se que o diagnóstico precoce, o estadiamento pré-operatório adequado e as melhores condições de tratamento são desafios a alcançar.

  


TC de abdome mostra pequena lesão sólida hipovascularizada, de limites
imprecisos, na cabeça pancreática (seta vermelha), associada a dilatação das vias biliares (setas amarelas).


RM com sequência axial ponderada em T2 aponta lesão nodular com hipersinal na cabeça pancreática (seta).


Colangiografia por RM do mesmo paciente revela dilatação com estenose
abrupta do colédoco e do ducto pancreático principal, com sinal de duplo cano (setas) logo acima da região do tumor (círculo).

Assessoria Médica em Endoscopia
Dra. Beatriz Mônica Sugai: [email protected]
Dr. Dalton Marques Chaves: [email protected]


Assessoria Médica em Gastroenterologia
Dr. Ulysses Ribeiro Jr.: [email protected]


Assessoria Médica em Imagem
Dr. Roberto Blasbalg: [email protected]
Dr. Rogério Pedreschi Caldana: [email protected]