Depois de uma meningite bacteriana, não se esqueça de checar a audição | Revista Médica Ed. 1 - 2010

A perda de audição constitui uma das mais frequentes e restritivas limitações para o ser humano e pode ser causada por inúmeros fatores, que vão de enfermidades genéticas até aspectos ambientais.

A perda de audição constitui uma das mais frequentes e restritivas limitações para o ser humano e pode ser causada por inúmeros fatores, que vão de enfermidades genéticas até aspectos ambientais. Diversas doenças infecciosas determinam essa sequela, a exemplo das meningites bacterianas. Segundo pesquisas internacionais, a perda auditiva neurossensorial é uma das consequências mais importantes da meningite na população infantil, afetando por volta de 9% dessas crianças. Ademais, a doença ainda representa a principal causa de dano auditivo grave adquirido na infância. Estudos clínicos e experimentais indicam que o prejuízo à audição após a meningite pode ocorrer por diferentes mecanismos, tais como lesão direta da cóclea pela bactéria e/ou por suas toxinas, reação do próprio organismo ou mesmo ação dos medicamentos utilizados no combate à doença. Geralmente, a perda começa poucos dias após o início da infecção, sendo bilateral, do tipo neurossensorial, de grave intensidade e irreversível. A detecção precisa e precoce dessa sequela é essencial para o desenvolvimento da fala e da linguagem da criança, assim como para sua inclusão social. Do diagnóstico depende também a definição do tratamento, especialmente naqueles pacientes candidatos ao implante coclear. Diante disso, a avaliação inicial e o acompanhamento para a monitoração da audição são fundamentais para os pacientes que tiveram meningite. Essa investigação deve ser feita sob a orientação de um especialista e compreende a realização de exames complementares, a exemplo de audiometria, respostas auditivas de tronco encefálico – teste mais conhecido como audiometria de tronco encefálico – e otoemissões acústicas, além de métodos de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética.

Avaliação auditiva pós-meningite

Audiometria: Avalia a audição e mede quanto a criança efetivamente ouve, além de verificar seu percentual de detecção da fala. Caracteriza, em cada ouvido, a audição normal ou identifica o tipo de perda auditiva, se condutiva, neurossensorial ou mista, e sua intensidade, ou seja, se leve, moderada, grave ou profunda.

Audiometria de tronco encefálico: 
Verifica o nível de audição, independentemente da colaboração da criança, permitindo a localização e o acompanhamento de doenças de qualquer origem que acometam o eixo central e a parte posterior do encéfalo, sobretudo as relacionadas ao nervo coclear e às vias auditivas.

Tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética: 
Avaliam, além do encéfalo, as estruturas da orelha interna.

Otoemissões acústicas: Analisam a função das células ciliadas externas e mapeiam sua atividade nas diversas frequências, complementando a avaliação fisiológica e eletrofisiológica.