Diagnóstico de neoplasias linfoides de células T maduras depende de suas características morfológicas e imunofenotípicas | Revista Médica Ed. 2 - 2013

​Com informações dos estudos histológicos e imuno-histoquímicos, é possível fazer a distinção entre os principais subtipos desses linfomas.​

Relativamente incomuns, as neoplasias linfoides de células T maduras representam 12% de todos os linfomas não Hodgkin. Os subtipos mais comuns são o linfoma de células T periféricas sem outras especificações (SOE), que afeta adultos, e o linfoma angioimunoblástico de células T, que normalmente acomete pessoas de meia-idade e idosos. No primeiro caso, a maior parte dos pacientes possui envolvimento de linfonodos periféricos e tem sobrevida global abaixo de cinco anos. Quando a doença é generalizada, frequentemente há infiltração de medula óssea, fígado, baço e tecidos extranodais. Já o linfoma angioimunoblástico de células T quase sempre está associado com o vírus Epstein-Barr (EBV) e manifesta-se como uma neoplasia avançada, com linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia, sintomas sistêmicos e hipergamaglobulinemia. Além disso, os indivíduos apresentam imunodeficiência secundária. Tudo isso diminui a sobrevida, que, estima-se, não chegue a três anos. Uma vez que a patogênese molecular da maioria das neoplasias de células T e NK ainda permanece desconhecida, o diagnóstico e a classificação dessas doenças baseiam-se em suas características morfológicas e imunofenotípicas, que são avaliadas por estudo histológico, por imunofenotipagem por citometria de fluxo e por um amplo painel imuno-histoquímico. 



Compare os dois mais frequentes tipos de neoplasias de células T maduras
Linfoma de células T
periféricas SOE


 
Linfoma angioimunoblástico de
células T


Histologia
- Apagamento da arquitetura normal por infiltração neoplásica paracortical ou difusa, à custa de células grandes e/ou intermediárias, com núcleos pleomórficos
- Presença de infiltrado de células inflamatórias
X

- Apagamento parcial da arquitetura do linfonodo à custa de linfócitos T atípicos, em geral associados a uma proliferação de vênulas arborizantes, com endotélio alto e misturadas a um número variável de linfócitos pequenos reativos, eosinófilos, plasmócitos e histiócitos
- Aumento da rede dendrítica folicular e expansão de imunoblastos B
- Presença de imunoblastos B EBV-positivos
Imuno-histoquímica/imunofenotipagem
- Apresentação de um fenótipo aberrante pelas células neoplásicas, com perda de expressão de CD5 e CD7
- Predomínio do fenótipo CD4+/CD8- nos casos nodais
- Possível ocorrência da expressão de marcadores citotóxicos (CD56+) e de CD30, excepcionalmente com a presença de CD15
- Alto índice proliferativo, excedendo 70%
 

- Expressão de CD2, CD3, CD5 e CD4 pelas células neoplásicas T
- Exibição do fenótipo das células T-helper foliculares, útil para diferenciar a doença da hiperplasia paracortical atípica e de outros linfomas de células T periféricas, com expressão de CD10, CLCX13 e PD-1 em cerca de 60-100% dos casos
- Expressão de CD21 e CD23 pelas células dendríticas foliculares

 

Outros diagnósticos diferenciais relevantes
Linfoma de células T
periféricas SOE

 
Doença
Características imunofenotípicas
Leucemia/linfoma de células T do adulto
CD4+, CD25+, CD7-, CD30-/+, CD15-/+, FoxP3+/-
Linfoma de grandes células anaplásicas
CD30+, ALK+/-, EMA+, CD25+, marcadores citotóxicos positivos, CD4+/-, CD3-/+, CD43+
Linfoma de grandes células B rico em
células T e histiócitos
Grandes células CD20+ em fundo rico em células T reativas para CD3+
Hiperplasia de zona T
Mistura de células CD4/CD8, arquitetura preservada, CD30+ variável, raras células CD20+


Assessoria Médica 
Dra. Flavia Fernandes Silva Zacchi
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Dra. Claudia Regina G. C. M. Oliveira
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Dr. Raphael Salles Scortegagna Medeiros
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