Diante da hipótese de carbapenemase de Klebsiella pneumoniae (KPC) | Revista Médica Ed. 9 - 2010

O uso da concentração inibitória mínima pode determinar a eficácia terapêutica dos carbapenêmicos em infecções graves por bacilos gram-negativos.

O uso da concentração inibitória mínima pode determinar a eficácia terapêutica dos carbapenêmicos em infecções graves por bacilos gram-negativos.

Os antimicrobianos mais utilizados mundialmente no tratamento empírico das infecções graves por bacilos gram-negativos são os carbapenêmicos, que incluem o imipenem, o meropenem, o ertapenem e, futuramente, o doripenem. Contudo, entre os bacilos gram-negativos não fermentadores, particularmente Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter spp., a resistência a essa subclasse de antibióticos tem sido crescente e representa uma preocupação para todos os serviços de controle de infecções no Brasil e no mundo. Já entre as enterobactérias essa possibilidade era esporádica até o fim de 2000, quando ocorreu, em Nova York, o primeiro surto de Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase, ou KPC, de que se tem relato na literatura. A sigla KPC foi atribuída a uma nova betalactamase – enzima capaz de degradar betalactâmicos – produzida pela Klebsiella pneumoniae, com descrição publicada em 2001, mas seu isolamento do material clínico original ocorreu em 1996. O termo “bactéria KPC”, utilizado na imprensa leiga, é, portanto, cientificamente incorreto.

A primeira enzima descoberta recebeu o nome de KPC-1, porém, em decorrência de um erro na descrição do sequenciamento do gene, prevaleceu apenas a denominação KPC-2. Depois disso, para cada diferença na sequência de aminoácido em relação às demais já descritas, criou-se nova designação, totalizando dez variedades até o momento – a KPC-11 é a mais recente. As cepas produtoras de KPC usualmente também resistem às quinolonas, assim como às polimixinas e aos aminoglicosídeos, o que restringe em muito as opções terapêuticas. Na prática, a melhor ferramenta para a avaliação da potencial eficácia terapêutica dos carbapenêmicos é a determinação da concentração inibitória mínima por método não automatizado. Concentrações iguais ou inferiores a 1,0 µg/mL para imipenem ou meropenem indicam sensibilidade in vitro e elevada probabilidade de sucesso terapêutico.

Assessoria Médica

Dr. Jorge Luiz Mello Sampaio: [email protected]