Estratégias de rastreamento do tumor invasivo de mama em mulheres de alto risco | Revista Médica Ed. 3 - 2012

A história familiar é o principal indicador desses instrumentos, sendo mais bem abordada pelo modelo Cuzick-Tyrer.

Mulheres com maior densidade mamária e alto risco para câncer de mama constituem um grande desafio para o rastreamento mamário, dada a limitação dos métodos de imagem e as peculiaridades morfológicas e o padrão de crescimento dos tumores mais agressivos.

A mamografia tem sido indicada como método de escolha para detectar o câncer de mama em um estágio inicial, mas tem limitações em pacientes de maior propensão para a doença, notadamente antes dos 40 anos de idade. No entanto, para esse grupo, novas tecnologias estão disponíveis para a detecção precoce do tumor invasivo, particularmente nessa faixa etária.

A ressonância magnética (RM) demonstra elevada sensibilidade (de 86% a 100%) para diagnosticar a neoplasia mamária em mulheres de alto risco, assintomáticas e sintomáticas, apesar de os relatos de especificidade terem sido mais variáveis (de 37% a 97%), o que se explica pelo padrão atípico morfológico e cinético desses tumores. A sensibilidade da RM não se altera com a densidade mamária, tampouco com implantes, cirurgia ou idade das pacientes.

Por outro lado, o rastreamento por esse método pode levar a um aumento de diagnósticos falso-positivos, dando origem à solicitação de um maior número de biópsias. Por isso, a Sociedade Americana de Câncer faz recomendações específicas sobre quando usar a RM para a triagem de neoplasias mamárias na população de risco elevado, porém sempre em combinação com a mamografia, já que esta tem capacidade de identificar alguns tipos de câncer que a primeira pode deixar passar – em síntese, uma ressonância deve ser utilizada em adição a uma mamografia, e nunca como substituta.

Na prática, para a maioria das mulheres com maior probabilidade de ter câncer de mama, a triagem com ambos os métodos deve começar aos 30 anos – ou até antes, dependendo da história – e continuar enquanto elas estiverem hígidas. Uma vez que a evidência é limitada quanto à melhor idade para o início desse rastreamento combinado, essa decisão deve ser compartilhada entre as pacientes e seus médicos, tendo em conta a situação individual de cada uma e suas preferências.

Limitações da mamografia em mulheres de alto risco com idade <40 anos

• Menor incidência de microcalcificações e, por conseguinte, menor índice de detecção do carcinoma ductal

• Taxas mais elevadas de falso-negativo, devido à maior incidência de lesões de aspecto morfológico mais bem definido e crescimento rápido
• Menor sensibilidade do método nesse grupo, o que se dá pela maior densidade mamária de tais mulheres

 

Indicações da RM de rastreamento para
câncer de mama

• Presença de mutação em BRCA1 ou BRCA2
• História de parente de primeiro grau (pai, irmão e filho) com mutação em BRCA1 ou BRCA2
• Risco de câncer de mama para toda a vida estimado em 20% a 25% ou mais pelo BRCAPRO ou por outras ferramentas de avaliação de risco
• Tratamento com radioterapia torácica entre 10 e 30 anos de idade
• Vigência de síndromes clínicas relacionadas a maior propensão para essa neoplasia, tais como Li-Fraumeni, Cowden ou Bannayan-Riley-Ruvalcaba, e probabilidade de desenvolvimento de uma dessas síndromes com base na história de um parente de primeiro grau

Fonte: American Cancer Society

 

 

Mamografia aponta padrão 3 pelo ACR, sem caracterização de lesões focais.

 

 

Ultrassonografia mostra nódulo sólido, irregular e heterogêneo,
classificado como BI-RADS 4c.
 

 

 

Ressonância magnética acusa realce heterogêneo e anelar,
característico do carcinoma ductal invasivo.

 

Assessoria Médica
Dra. Giselle Guedes N. Mello:
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Dra. Paula Faggion:
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