Estudos mostram associação entre achados cintilográficos e tomográficos na doença arterial coronariana | Revista Médica Ed. 9 - 2011

A cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) tem valor diagnóstico comprovado na investigação de doença arterial coronariana (DAC). A angiotomografia de artérias coronárias (TC) vem se mostrando uma ferramenta importante na avaliação da DAC. Contudo, a associação entre os achados desses exames não está completamente estabelecida.

Do mesmo modo, o papel do escore de cálcio (CAC, do inglês coronary artery calcium) na abordagem de aterosclerose subclínica está cada vez mais estabelecido. No entanto, ainda não é inteiramente conhecida a relação entre os valores do CAC e a presença ou não de isquemia na CPM.

Com o objetivo de avaliar a associação entre esses parâmetros, os médicos dos Grupos de Cardiologia e de Medicina Nuclear do Fleury estudaram cem pacientes que realizaram CPM e CAC/TC de artérias coronárias no período de um ano. Foram excluídos da população avaliada os indivíduos submetidos a procedimentos de revascularização entre um exame e outro.

Quanto aos achados de CPM e CAC, dos cem avaliados, apenas seis (6%) apresentavam CAC ≥400 – considerado alto – e, destes, cinco (83,3%) tinham isquemia na CPM (p=0,032 e kappa=0,821). Tais dados sugerem que, no grupo estudado, possivelmente tenham realizado CAC pacientes com menor probabilidade pré-teste de DAC, já que poucos apresentavam, como resultado, CAC aumentado.

“Além disso, demonstrou-se associação significativa entre o escore de cálcio elevado e a presença de isquemia na cintilografia, o que indica que indivíduos com CAC alto devem prosseguir na investigação de isquemia miocárdica”, assinala a assessora médica em Cardiologia e Medicina Nuclear do Fleury, Paola Smanio. Em relação aos achados de CPM e TC, dos cem avaliados, 32 (32%) apresentavam redução luminal significativa na TC e, destes, 26 (81,2%) também evidenciavam isquemia na CPM (p<0,001 e kappa=0,853). Na avaliação por território arterial, dos 30 investigados com obstrução na artéria descendente anterior, 18 (60%) tinham isquemia nesse território de irrigação e, dos 70 sem estenose, em 65 (92,9%) não havia anormalidades na CPM (p<0,001 e kappa=0,817).

Dos 18 com estenose na coronária direita, oito (44,4%) apresentavam isquemia nesse território, ao passo que, dos 82 sem estenose, 79 (96,3%) não evidenciavam alterações (p<0,001 e kappa=0,919). Dos dez indivíduos com estenose na artéria circunflexa, cinco (50%) possuíam isquemia nesse território de irrigação e, dos 90 sem estenose, 87 (96,7%) não demonstravam sinais isquêmicos (p<0,001 e kappa =0,94). “Os resultados obtidos apontam que, no grupo estudado, houve importante associação entre os achados da CPM e da TC para presença ou ausência global de alterações significativas nos dois exames”, resume Paola.

Autores: SMANIO, P.E.P.; OLIVEIRA, M.A.; MACHADO, L.; EGITO, J.; SCUOTTO, F.; PINTO, I.

 

CPM mostra hipocaptação transitória na parede inferolateral do ventrículo esquerdo, compatível com isquemia, com
intensidade discreta e extensão discreta/moderada.

Assessoria Médica
Dra. Paola E. P. Smanio: [email protected]