Etiologia de infecções por vírus respiratórios deve ser investigada em neutropênicos com sintomas típicos | Revista Médica Ed. 4 - 2011

A medida permite instituir tratamento antiviral nos casos pertinentes e prevenir complicações nesse grupo de pacientes.

A medida permite instituir tratamento antiviral nos casos pertinentes e prevenir complicações nesse grupo de pacientes.


TC aponta sinais de pneumonite viral pelo H1N1.

Em virtude da alta incidência das infecções por vírus respiratórios, sobretudo nos meses mais frios, todos os neutropênicos com sintomatologia respiratória alta ou baixa – incluindo congestão nasal, coriza, dor em orofaringe, tosse e, principalmente, dispneia – devem ser investigados para os agentes virais mais envolvidos nesses quadros, que incluem influenza A e B, parainfluenza 1 a 4, vírus sincicial respiratório e adenovírus. É relevante mencionar que, nessa população, os sintomas sistêmicos clássicos, como febre, mialgia e fadiga, podem estar ausentes. A imunossupressão aumenta a probabilidade de acometimento das vias aéreas inferiores, levando a quadros de pneumonite, que podem se tornar graves e causar óbito por insuficiência respiratória, o que justifica a investigação e o tratamento precoces.

Os indivíduos sob maior risco de desenvolver doença grave são os receptores de transplante de células-tronco hematopoéticas. A literatura mostra uma incidência de infecção respiratória viral de 3,5% a 29% nesses pacientes, com evolução variável, influenciada por condições como a presença de linfopenia, a intensidade da imunossupressão e o tipo de transplante – mieloablativo ou não mieloablativo. Na prática, as infecções respiratórias virais caracterizam-se por quadros clínicos superponíveis, de modo que não é possível distinguir o agente causador apenas pelos sintomas. Mesmo os casos que se manifestam com pneumonite em geral determinam alterações radiológicas e tomográficas inespecíficas: na radiografia, infiltrado intersticial difuso ou condensação alveolar e, na tomografia computadorizada, nódulos centrolobulares mal definidos, opacidades com atenuação de vidro fosco, consolidações segmentares e padrão de pavimentação em mosaico (opacidades em vidro fosco associadas a septos interlobulares espessados). Uma vez que, para alguns desses vírus, existe terapia antiviral eficaz, como no caso do influenza, o diagnóstico etiológico é fundamental. As amostras clínicas das vias aéreas que se revelam mais úteis para essa investigação são o aspirado e o lavado nasofaríngeo. Nesses espécimes, pode ser feita a detecção de antígenos virais por meio de imunofluorescência direta, assim como a amplificação de DNA do vírus por PCR. Essas técnicas apresentam alta sensibilidade e a pesquisa de antígenos, em especial, oferece a vantagem da rapidez e da possibilidade de realização em uma base capaz de identificar múltiplos agentes em um só ensaio.

Métodos disponíveis para o diagnóstico de vírus respiratórios
Exame
Vírus
Métodos e sensibilidade
Material
Prazo do resultado
Pesquisa rápida de vírus respiratórios
Influenza
A e B
Parainfluenza 1, 2 e 3
Adenovírus

Vírus sincicial respiratório
Identificação de antígenos virais por imunofluorescência  direta, com sensibilidade >90%
Aspirado ou lavado de nasofaringe
Aspirado traqueal
Lavado broncoalveolar
Um dia
Teste molecular para detecção de influenza A
Influenza A, com discriminação da cepa H1N1 (2009)
Identificação de segmentos gênicos do vírus por reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real, com sensibilidade de 100%
Lavado de nasofaringe e swab de naso e orofaringe, colhidos conjuntamente
Um dia
Assessoria Médica
Análises Clínicas
Dr. Celso Granato : [email protected]
Imagem
Dr. Gustavo Meirelles: [email protected]
 Dra. Rosangela Pereira Maciel: [email protected]