Fibras ópticas também ajudam a detectar forma atípica da doença do refluxo gastroesofágico | Revista Médica Ed. 3 - 2013

​​Videolaringoscopia e videonasofibrolaringoscopia podem evidenciar alterações condizentes com esse diagnóstico diferencial diante de queixas no aparelho deglutofonador.

Na presença de um quadro de pigarro, ardor, sensação de corpo estranho ou dor na garganta, tosse seca crônica e até espasmos laríngeos que se expressam por crises de engasgo e sufocamento, vale considerar a possibilidade de o paciente apresentar a forma atípica da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), denominada refluxo laringofaríngeo (RLF). Apesar de ter o mesmo mecanismo da DRGE convencional, o RLF pode cursar apenas com sinais e alterações inflamatórias na faringe e na laringe – em até 70% dos casos não há sintomas digestivos associados. Até porque um refluxo fisiológico para o trato digestório não passa despercebido pelo epitélio respiratório. A existência desse tipo de refluxo foi aventada nos anos 60, mas a condição só passou a ser detectada e efetivamente tratada no fim da década de 80, com a difusão das fibras ópticas na prática clínica dos otorrinolaringologistas. Seu diagnóstico baseia-se em sintomas sugestivos e em sinais de inflamação no segmento laringofaríngeo vistos à videolaringoscopia ou à videonasofibrolaringoscopia. Como na avaliação de outras patologias, esses exames são feitos com o paciente acordado e, portanto, além de auxiliarem o clínico nessa investigação, permitem mostrar ao indivíduo as alterações encontradas, o que é especialmente importante para a aceitação do tratamento – afinal, as pessoas têm dificuldade para acreditar que um sintoma laríngeo, faríngeo ou respiratório possa estar relacionado com seu trato digestório e seus hábitos alimentares inadequados. Vale lembrar que o diagnóstico de RLF pode ainda ser corroborado por pH-metria esofágica de duplo canal ou impedâncio-pH-metria esofágica.



Videonasofibrolaringoscopia evidencia edema obliterante difuso, que se estende à mucosa subglótica, conferindo aspecto sulcado às pregas vocais (pseudossulco inflamatório).
Imagem videolaringoscópica rígida mostra intensos sinais inflamatórios na laringe posterior e granulomas de contato nos processos vocais das aritenoides bilateralmente.

 

Achados da videolaringoscopia e/ou da videonasofibrolaringoscopia em RLF
- Na laringe, é possível haver desde hiperemia e edema leves do terço posterior da região até úlceras de contato, granulações, leucoplasias, paquidermia interaritenóidea, estenose subglótica e degeneração neoplásica do epitélio.
- Nas pregas vocais, um grande número de lesões benignas pode ser encontrado, como nódulos, pólipos e edema de Reinke, já que a inflamação local produz padrões fonatórios abusivos, capazes de causar esses danos secundários.
- Na rinofaringe, alterações ocorrem com maior frequência na população pediátrica, com possibilidade de adenoidites e sinusites recorrentes e, por contiguidade da tuba auditiva, otites médias agudas de repetição ou mesmo otite média crônica secretora.

 

Assessoria Médica 
Dra. Cláudia Eckley
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Dr. Rodrigo P. Tangerina
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