Fleury amplia a gama de testes moleculares para a detecção de agentes causadores de infecções genitais na mulher | Revista Médica Ed. 2 - 2017

O Mycoplasma genitalium vem sendo apontado como um patógeno emergente na Europa.

Pesquisa de Mycoplasma por PCR em tempo real

  


Mycoplasma genitalium
visto sob microscopia eletrônica.

O Mycoplasma genitalium vem sendo apontado como um patógeno emergente na Europa. Já foi caracterizado como agente etiológico de uretrite, cervicite, endometrite, doença inflamatória pélvica, infertilidade, aborto espontâneo e parto prematuro. Para o diagnóstico de infecções por esse microrganismo, a PCR configura o método recomendado devido a seu crescimento lento em meio de cultura. Contrastando com o que ocorre com o M. hominis, para o M. genitalium atualmente não há uma quantificação mínima que possibilite diferenciar colonização de infecção. Assim, a exclusão de outras causas infecciosas, como C. trachomatis e N. gonorrhoeae, a positividade da PCR para M. genitalium e a presença de sintomatologia simultaneamente tornam o diagnóstico muito provável.


Não existe consenso sobre o tempo mínimo após a exposição para obter a melhor sensibilidade no diagnóstico da infecção por M. genitalium. O recente consenso europeu preconiza um período de duas semanas, em analogia com as recomendações existentes para C. trachomatis. Uma abordagem racional é solicitar a PCR para M. genitalium na primeira consulta e testar novamente após duas semanas, se o exame for negativo.


O M. hominis, por sua vez, tem sido identificado no trato genital feminino como agente de doença inflamatória pélvica, endometrite, salpingite e bacteriemia após aborto ou no puerpério. A cultura quantitativa ainda é recomendada para o diagnóstico em material cervical, visto que essa espécie cresce em meios de cultura em dois a quatro dias. Já a pesquisa por PCR em tempo real é a melhor ferramenta diagnóstica para sítios estéreis ou quando há cultura negativa em paciente sintomática, dada sua maior sensibilidade.


Pesquisa de Ureaplasma por PCR em tempo real


O U. urealyticum (antes U. urealyticum biovar 2), em conjunto com o U. parvum, tem sido associado com síndrome uretral aguda, doença inflamatória pélvica e desfechos desfavoráveis na gestação, como ruptura prematura de membranas, corioamnionite, baixo peso ao nascimento, abortamento tardio, parto prematuro e infecção puerperal.


A pesquisa de Ureaplasma por PCR discrimina as espécies U. urealyticum e U. parvum e mostra-se mais sensível que a cultura, constituindo-se na melhor ferramenta diagnóstica para sítios estéreis ou para casos de cultura negativa em paciente sintomática, desde que excluídas outras causas infecciosas. Em função da maior sensibilidade, a PCR apresenta elevado valor preditivo negativo, mas seu valor preditivo positivo é limitado, pois não diferencia colonização de doença.

Ficha técnica
Testes moleculares para Mycoplasma e Ureaplasma
Método:

Reação em cadeia da polimerase em tempo real
Amostras:
Raspado vaginal e endocervical
Valores de referência:
  • M. genitalium – indetectável
  • M. hominis, U. urealyticum e U. parvum – indetectáveis em sítios estéreis*
Prazo:
  • Até três dias úteis (Mycoplasma)
  • Até quatro dias úteis (Ureaplasma)

*Como esses agentes podem ser detectados em sítios não estéreis do trato genital em pacientes assintomáticas, recomenda-se a cultura específica para avaliar a carga infectante e diferenciar entre colonização e infecção, sendo consideradas significativas cargas bacterianas >104 unidades trocadoras de cor/mL. A cultura também permite a realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos.


- O Fleury recebe material coletado em consultórios para a pesquisa desses agentes por PCR em qualquer uma de suas unidades e também faz a coleta de amostras para esses exames durante todo o período de atendimento.


Assessoria Médica
Ginecologia e Biologia Molecular
Dr. Gustavo Arantes Rosa Maciel
[email protected]
Dr. Ismael D. Cotrim Guerreiro da Silva
[email protected]
Microbiologia
Dr. Jorge Luiz Mello Sampaio
[email protected]


Pesquisa de estreptococo do grupo B por PCR é mais sensível para definir a quimioprofilaxia intraparto


  


Streptococcus agalactiae visto pela óptica da microscopia eletrônica.


O Streptococcus agalactiae (GBS ou estreptococo beta-hemolítico do grupo B de Lancefield) é um coco gram-positivo que pode estar presente na microbiota do trato gastrointestinal e/ou geniturinário feminino. Os índices de colonização em gestantes variam de 10% a 30%, conforme a população estudada.


A detecção de colonização por esse agente em gestantes, associada à quimioprofilaxia intraparto, formam a estratégia mais racional para reduzir a incidência da infecção neonatal por GBS. Além disso, a existência de alguns fatores de risco para essa doença já constitui indicação absoluta da quimioprofilaxia.


Há dois métodos disponíveis para avaliar a colonização por GBS em gestantes: o cultivo em meios de cultura seletivos e a PCR em tempo real. Quando realizada após enriquecimento em caldo seletivo, esta última mostra-se 15% mais sensível do que a cultura em meios seletivos isoladamente.


A coleta deve ser feita, de preferência, entre a 35ª e a 37ª semana de gravidez, quando exibe os melhores valores preditivos negativo (97%) e positivo (85%), porém, desde que solicitada pelo médico-assistente, é possível em qualquer idade gestacional, a exemplo de gestações de alto risco. Para que a sensibilidade máxima na detecção da colonização seja obtida, o consenso internacional recomenda a análise de duas amostras, uma coletada do introito vaginal e outra do reto.


Convém assinalar que não há necessidade de tratar gestantes colonizadas, mas, sim, de implementar a quimioprofilaxia no início do trabalho de parto. Estudos americanos mostram que 1-2% das crianças nascidas de mães colonizadas por GBS e não submetidas à quimioprofilaxia desenvolvem a infecção. Essa estratégia de prevenção consegue reduzir em 30 vezes a incidência de doença neonatal por GBS.

Fatores de risco para infecção neonatal por GBS
  • Febre intraparto (temperatura axilar acima de 38oC)
  • Bacteriúria por GBS na gestação atual*
  • Prematuridade (menos de 37 semanas)
  • Crianças nascidas de mães com idade inferior a 20 anos
  • História de infecção do recém-nascido por GBS na gestação anterior*
  • Tempo de ruptura de membrana prolongado (acima de 18 horas)
*Indicação absoluta de quimioprofilaxia


Ficha técnica
Pesquisa de estreptococo do grupo B após enriquecimento em caldo seletivo
Método: PCR em tempo real
Valor de referência:indetectável em gestantes
Prazo: até três dias úteis


Assessoria Médica
Ginecologia e Biologia Molecular
Dr. Gustavo Arantes Rosa Maciel
[email protected]
Dr. Ismael D. Cotrim Guerreiro da Silva
[email protected]
Medicina Fetal
Dr. Mário H. Burlacchini de Carvalho
[email protected]
Microbiologia
Dr. Jorge Luiz Mello Sampaio
[email protected]