IgM positiva para toxoplasmose antes da gestação | Revista Médica Ed. 1 - 2013

No caso apresentado, a simples presença da IgM para toxoplasmose não deve ser interpretada de forma isolada para planejar a gravidez adequadamente.

Uma paciente me consultou para conhecer seu estado de saúde, a fim de planejar uma gravidez nas melhores condições possíveis. Pedi os exames de rotina e não tivemos surpresas, a não ser os resultados de uma sorologia para toxoplasmose, cujos títulos para anticorpos da classe IgM vieram positivos. Em quanto tempo vocês estimam que esse exame deva se negativar para a paciente começar a tentar a gravidez?

AP Martins, Recife – PE

Reprodução computadorizada de uma molécula de imunoglobulina (Ig) atacando uma célula infectada.

Devido à alta sensibilidade dos atuais métodos de pesquisa de IgM, é possível detectar, no plasma, baixas concentrações de anticorpos dessa classe por mais de um ano, o que, para uma futura gestante, pode configurar motivo de preocupação. Nesse momento, entra a contribuição dos testes de avidez de IgG, uma vez que servem para confirmar se, diante de um resultado positivo de IgM, a infecção materna é recente ou não. Isso porque, com o passar do tempo, os anticorpos IgG produzidos pelo sistema imunológico apresentam avidez cada vez mais alta e, consequentemente, quanto maior a avidez, maior o tempo transcorrido desde a infecção inicial e menor o risco de transmissão para o feto.

Na suspeita de toxoplasmose, e mesmo de rubéola e citomegalovirose, nas quais pode haver impacto para a saúde fetal, índices baixos de avidez de IgG, ou seja, menores que 30%, sugerem doença aguda ou recente, iniciada há menos de três meses. Já valores maiores que 60% sinalizam infecção pregressa, ocorrida há mais de três meses, com pequeno ou nenhum risco para o feto. Entretanto, porcentagens intermediárias, entre 30% e 60%, não possibilitam a definição do provável período do processo infeccioso.

Claro que esse marcador é indireto e existem variações individuais consideráveis, razão pela qual todos os dados têm de ser avaliados em conjunto, podendo até ser recomendável repetir os testes de avidez para observar sua dinâmica e tomar decisões mais bem fundamentadas.

No caso apresentado, a simples presença da IgM para toxoplasmose não deve ser interpretada de forma isolada para planejar a gravidez adequadamente. Convém avaliar o nível de IgG, realizar o teste de avidez e, eventualmente, repeti-lo até que o conjunto de resultados permita conclusões mais consistentes e seguras para o planejamento e o desenvolvimento da gestação.


 

Infectologia
ASSESSORIA MÉDICA
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