Indicação de vacinas deve ser cautelosa em pacientes com imunodeficiências primárias | Revista Médica Ed. 1 - 2011

Da mesma forma que a abordagem diagnóstica, o cuidado varia conforme o tipo de defeito na imunidade.

Da mesma forma que a abordagem diagnóstica, o cuidado varia conforme o tipo de defeito na imunidade.

Em vista da suscetibilidade aumentada a infecções nos pacientes com imunodeficiências primárias (IDPs), em alguns casos, sobretudo na imunodeficiência humoral grave e na celular, convém evitar a vacinação com microrganismo vivo atenuado, como BCG, Sabin (também contraindicada para familiares que moram com os pacientes), rotavírus, tríplice viral (MMR), febre amarela e varicela. Mesmo na IDP leve, a exemplo de deficiência seletiva de IgA e de subclasse de IgG, a aplicação de vacinas feitas com vírus vivos pede cautela, pois não existem estudos com respeito a riscos e benefícios. Os demais imunizantes, contudo, são administrados em ambos os defeitos, embora exista a possibilidade de redução em sua eficácia. Ocorre que a proteção pode não ser completa nesses pacientes, que, mesmo após o término do esquema vacinal, têm risco de manifestar algumas doenças, porém com quadro clínico geralmente mais leve. Na deficiência de fagócitos, por sua vez, não se recomenda a administração de vacinas bacterianas vivas. Por outro lado, todos os imunizantes inativados são seguros e eficazes para tais casos e, de acordo com o CDC, também os produzidos com vírus atenuados provavelmente se comportem da mesma maneira. Já na deficiência do complemento não há contraindicação vacinal. Fora do calendário tradicional preconizado pelo Ministério de Saúde na infância, todos os pacientes com IDP podem receber as vacinas contra a gripe e contra o Hib, além da antipneumocócica e da antimeningocócica. Por último, convém lembrar que a MMR e a vacina contra a varicela não devem ser usadas em pessoas tratadas recentemente com gamaglobulina, uma vez que esta contém anticorpos contra os vírus envolvidos nessas doenças, o que inativaria a imunização.

Assessoria Médica
Dr. Jessé Reis Alves: [email protected]


Colaborou neste artigo
Dra. Barbara Gonçalves da Silva