Infectologia: hepatite E também pode ser diagnosticada por método molecular | Revista Médica Ed. 1 - 2017

O arsenal de exames para diagnóstico das hepatites virais acaba de ganhar mais um reforço no Fleury.

O arsenal de exames para diagnóstico das hepatites virais acaba de ganhar mais um reforço no Fleury – o teste molecular para o vírus da hepatite E (VHE), feito por reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR).


Doença de transmissão predominantemente fecal-oral, a hepatite E ocorre de forma esporádica ou em surtos na população geral e tem, como causa, um RNA-vírus que possui quatro diferentes genótipos. A doença classicamente se apresenta como hepatite aguda, de modo muito semelhante à hepatite A, em que, após um período de incubação de duas a dez semanas, há sintomas como febre baixa, inapetência, náuseas e vômitos, com progressão para icterícia, em geral acompanhada por acolia, colúria e, até mesmo, por hepatomegalia.


Apesar de benigna e autolimitada na maioria dos casos, a infecção aguda pelo VHE pode ser grave e evoluir para hepatite fulminante do fígado, o que é mais frequente em gestantes. Sabe-se que grávidas com a doença apresentam risco aumentado de insuficiência hepática e perda fetal, com taxas de mortalidade de 15% a 25%, sobretudo no terceiro trimestre. A infecção também é preocupante em pacientes imunossuprimidos, grupo em que casos de hepatite E crônica são observados, principalmente nos transplantados em tratamento com drogas imunossupressoras.


A hipótese da doença deve ser considerada em qualquer pessoa com sintomas característicos que tenha viajado para uma região endêmica para essa infecção ou para uma área recentemente acometida por uma epidemia, bem como nos indivíduos com quadro de elevação das transaminases ou hepatite aguda de causa não definida e marcadores sorológicos negativos para as hepatites A, B e C e outros vírus hepatotrópicos.

 

O diagnóstico definitivo depende da confirmação laboratorial e pode ser realizado por detecção de anticorpos da classe IgM específicos, que têm maior valor preditivo positivo quando acompanhados pela IgG. Já a RT-PCR, cujo resultado, no Fleury, fica pronto em até 20 dias corridos, tem particular utilidade para corroborar o quadro em áreas onde a doença não é frequente, em especial diante do achado da presença isolada da IgM. Vale ainda destacar que outra grande aplicação do teste molecular reside no diagnóstico e no seguimento da infecção crônica nos imunossuprimidos, já que, nessa população, a soroconversão pode não ocorrer.


Os diferentes genótipos do VHE


CaracterísticasGenótipo 1Genótipo 2Genótipo 3Genótipo 4
Localização geográficaÁfrica e ÁsiaMéxico e África OcidentalPaíses desenvolvidosChina, Taiwan e Japão
Via de transmissãoFecal-oralFecal-oralAlimentarAlimentar
Grupos de maior risco para a infecçãoAdulto jovemAdulto jovemAdultos e pacientes imunossuprimidosAdulto jovem
Transmissão zoonóticaNãoNãoSimSim
Infecção crônicaNãoNãoSimNão
EpidemiasComunsEm pequena escalaIncomumIncomum

 

Marrom
Área de alta endemicidade: epidemias ou infecção pelo VHE confirmada em ≥25% dos casos esporádicos de hepatite não A, não B.

Laranja
Área endêmica: infecção pelo VHE confirmada em 25% dos casos esporádicos de hepatite não A, não B

Cru
Área não endêmica


Assessoria Médica
Dra. Carolina S. Lázari
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Dr. Celso Granato
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