Investigação de lesões vesicobolhosas em tronco e mucosa oral | Revista Médica Ed. 3 - 2008

Paciente do sexo feminino, 21 anos, com queixa de lesões vesicobolhosas tensas, com conteúdo claro sob base eritematosa, por mais de dois anos. Essas alterações tinham caráter recorrente e eram mais abundantes no tronco e na mucosa oral.

O caso
Paciente do sexo feminino, 21 anos, com queixa de lesões vesicobolhosas tensas, com conteúdo claro sob base eritematosa, por mais de dois anos. Essas alterações tinham caráter recorrente e eram mais abundantes no tronco e na mucosa oral.

Exames realizados
Com o material obtido por biópsia da região acometida, foi realizado um estudo pela coloração hematoxilina-eosina (HE), que revelou clivagens subepidérmicas, permeadas por infiltrado inflamatório composto de neutrófilos e alguns eosinófilos, além de microabscessos em papilas dérmicas. Uma vez que esses achados estão presentes em três dermatopatias distintas, houve necessidade de uma análise da região perilesional por imunofluorescência direta (IFD) para estabelecer o diagnóstico final. A presença de deposição contínua de IgA em membrana basal confirmou a dermatose bolhosa por IgA linear.

Estudo por coloração HE mostra clivagens subepidérmicas permeadas por infiltrado inflamatório

Imunofluorescência direta aponta deposição contínua de IgA em membrana basal.

A discussão
A dermatose bolhosa por IgA linear é uma doença auto-imune rara, clinicamente indistinguível da dermatite herpetiforme e do penfigóide bolhoso, razão pela qual a IFD tem papel fundamental para seu esclarecimento diagnóstico. Essa dermatopatia apresenta duas variantes clínicas distintas: a forma infantil e a do adulto. A primeira se manifesta entre 2 e 5 anos de idade e acomete de modo preferencial o abdome inferior e as regiões perineal e perioral, raramente envolvendo mucosas. Já a forma do adulto surge após a puberdade, com lesões bolhosas que freqüentemente comprometem as mucosas.

Assessoria Médica
Dr. Daniel Chang: [email protected]