Método molecular flagra DNA do parvovírus B19 antes da produção de anticorpos | Revista Médica Ed. 9 - 2008

A virose, responsável pelo eritema infeccioso, cursa de modo benigno, mas, em gestantes, pode trazer complicações para o feto se não diagnosticada a tempo.

A infecção aguda pelo eritrovírus, também conhecido como parvovírus B19, caracteriza-se, em imunocompetentes, por rash cutâneo, prurido, cefaléia, mialgia e calafrios. Esses sintomas costumam ser observados depois de 10 a 14 dias da exposição e se mostram autolimitados.

No entanto, existe a possibilidade de que as manifestações reumatológicas ocasionadas pelo processo infeccioso persistam por semanas. Mais de 70% dos adultos possuem valores mensuráveis de IgG contra o B19, o que atesta a elevada transmissibilidade do vírus – a cidade de São Paulo, por exemplo, passa por um surto da infecção neste fim de ano. Contudo, de 30% a 40% das gestantes nunca tiveram contato com esse agente e, portanto, podem ser infectadas, algumas vezes sem apresentar nenhum sintoma e, em metade dos casos, com um quadro clínico inespecífico.

Na grande maioria das vezes, a doença cursa de forma satisfatória nesse grupo, mas cerca de 30% das grávidas transmitem a infecção ao feto, particularmente no segundo trimestre da gestação. Embora apenas de 5% a 10% dos bebês evoluam com hidropisia, pode ocorrer perda fetal em 75% desses casos se o tratamento não for feito a tempo.

A detecção do DNA do parvovírus B19 por reação em cadeia da polimerase (PCR) geralmente precede a produção de anticorpos das classes IgM e IgG e se sobrepõe a esse processo. Assim, tem particular utilidade no esclarecimento precoce da suspeita da virose em gestantes, bem como nos casos em que a reação sorológica é inconclusiva.

Além disso, a pesquisa do vírus no líquido amniótico, em associação com exames de imagem, pode confirmar a infecção pelo parvovírus, especialmente se esta for anterior à 21ª semana de gravidez.