Mutações nos genes JAK2 e MPL diferenciam doença clonal de situação reacional | Revista Médica Ed. 2 - 2013

​​Feita por PCR, a pesquisa dessas anomalias tem grande utilidade nos casos em que, apesar do quadro clínico, não há lesão indicativa de clonalidade.

As neoplasias mieloproliferativas crônicas representam um grupo heterogêneo de doenças clonais da célula progenitora hematopoética, sendo caracterizadas por proliferação elevada, mas com diferenciação e maturação relativamente preservadas. Dependendo da linhagem acometida, podem se manifestar como policitemia vera (PV), trombocitemia essencial (TE) ou mielofibrose idiopática (MF). Nos últimos anos, diversos estudos permitiram a descoberta das bases moleculares dessas doenças, que têm, em comum, a ativação constitutiva da tirosinoquinase decorrente de mutações adquiridas pela célula-tronco hematopoética, cuja identificação assegura a definição inequívoca de moléstia clonal e afasta a situação reacional. Assim, nos casos de dúvida na introdução de um medicamento imunossupressor, pela inexistência de lesões que certifiquem a clonalidade, testes moleculares que buscam essas mutações mostram-se bastante esclarecedores, como a já consagrada pesquisa de JAK2 V617F e a pesquisa de MPL W515K ou MPL W515L, recentemente incorporada à rotina do Fleury. A contribuição de tais marcadores moleculares vem sendo cada vez mais reconhecida nesse contexto, a ponto de a presença de qualquer um deles fazer parte dos critérios diagnósticos de TE e MF, segundo a classificação da OMS, 2008.

Marcadores moleculares de policitemia vera, trombocitemia essencial e mielofibrose idiopática
Mutação
JAK2 V617F (éxon 14)
, que determina a substituição da valina pela fenilalanina na posição 617 do domínio pseudoquinase JH2 da proteína Janus quinase 2
- Está presente em 90% dos casos de PV e em 50-60% dos de TE e MF
- Faz a confirmação diagnóstica de situações clínicas que cursam com eritrocitose, trombocitose, leucocitose, fibrose medular ou trombose venosa abdominal
- Em homozigose, reflete a perda de heterozigose resultante de recombinação mitótica, que é relativamente específica na PV
- Uma grande carga alélica relaciona-se com aumento da mielopoese na medula, leucocitose periférica e esplenomegalia
Mutações no éxon 12 do gene JAK2
- São observadas em pacientes com PV negativos para JAK2 V617F e em alguns raros casos de eritrocitose idiopática
- Estão presentes em cerca de 4% dos casos de PV
- Também funcionam como marcadores clonais, tendo particular utilidade quando há eritrocitose com pan-mielose e níveis baixos de eritropoetina sérica
Mutações
MPL W515L ou W515K
, que consistem na substituição da G por T no nucleotídeo 1544, resultando na troca de triptofano por leucina no códon 515
- Figuram em 5-7% dos pacientes com MF e em 2-4% dos casos de TE
- A W515L foi descrita em indivíduos com MF negativos para JAK2
- Outras mutações no éxon 10 podem ser encontradas tanto na TE quanto na MF
- Associam-se a pacientes idosos do sexo feminino, com nível de hemoglobina mais baixo e plaquetas elevadas


Assessoria Médica 
ASSESSORIA MÉDICA
Dra. Maria de Lourdes Chauffaille
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