Nova versão dos critérios de McDonald reforça o papel da ressonância magnética no diagnóstico da esclerose múltipla | Revista Médica Ed. 6 - 2011

O método é atualmente aceito como a ferramenta paraclínica mais eficaz para diagnosticar precocemente a doença, já em sua primeira manifestação.

A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante inflamatória idiopática, que mais frequentemente se apresenta com períodos de exacerbação intercalados com períodos de melhora completa ou parcial dos sintomas. Os quadros progressivos são bastante raros. As lesões da EM ocorrem tipicamente em diferentes momentos e locais do SNC. Embora o diagnóstico possa ser feito exclusivamente com dados clínicos, os métodos paraclínicos, em especial a ressonância magnética (RM), buscam a demonstração da disseminação das lesões no tempo (DIT) e no espaço (DIS), bem como a exclusão das hipóteses alternativas. Desde a virada do século, a aplicação dos critérios de McDonald resultou no diagnóstico precoce dessa enfermidade, com elevado grau de especificidade e sensibilidade, permitindo melhor orientação aos pacientes e instituição rápida do tratamento. Em 2005, tais critérios foram revisados pela primeira vez, já em busca de sua simplificação, e, a partir de novas evidências e consenso, mais uma revisão do documento foi publicada no início deste ano. Desde a primeira versão, a utilização da RM tem sido bastante valorizada como a ferramenta paraclínica mais eficaz para diagnosticar precocemente a EM, já em sua primeira manifestação, pois demonstra DIS e DIT por meio de exames seriados. O fato novo é que, com o uso dos critérios de McDonald revisados em 2011, é possível evidenciar, em alguns pacientes, a presença de disseminação da doença no tempo e no espaço com apenas um exame de RM. Segundo estudos recentes, em indivíduos com síndrome clínica isolada típica, uma única RM tem alto valor preditivo para a evolução para EM clinicamente definida quando demonstra DIS, isto é, pelo menos uma lesão em T2 em, pelo menos, dois dos quatro locais considerados característicos da doença (justacortical, periventricular, infratentorial e medula espinhal) e lesões impregnadas pelo gadolínio em topografias sintomáticas e assintomáticas (DIT). Convém enfatizar que esses requisitos devem ser aplicados somente nos pacientes que apresentam uma síndrome clínica isolada típica sugestiva de EM ou, então, sintomas consistentes com uma doença inflamatória desmielinizante do SNC.


Paciente com síndrome típica clinicamente isolada. Na imagem A, a lesão compromete o aspecto dorsal da medula cervical, sem impregnação pelo gadolínio. Nas imagens B-E, o estudo encefálico realizado no mesmo momento mostra lesões supra e infratentoriais, em distribuição justacortical e periventricular, caracterizando a DIS. A lesão justaventricular frontal à direita apresenta impregnação pelo gadolínio, mas não relacionada à manifestação clínica atual, o que caracteriza a DIT.


Relatório integrado ajuda a esclarecer e acompanhar os casos
Os clientes que realizam exames no Fleury para a investigação de uma suspeita de desmielinização recebem o Relatório Integrado de Doenças Desmielinizantes. Esse documento, que tem sido emitido há pouco mais de um ano, reflete a opinião dos assessores médicos das áreas de Neurologia, Imagem e Imunologia do Grupo Fleury sobre todos os casos que se beneficiam da análise integrada de múltiplos resultados de exames laboratoriais e de imagem. A discussão entre os especialistas leva em conta a análise dos dados clínicos disponíveis e confronta os exames atuais e prévios do paciente. Além de oferecer mais uma opinião diagnóstica para cada caso, o relatório facilita o arquivamento das informações relevantes.

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Assessoria Médica
Dr. Antonio Carlos M. Maia Jr.: [email protected]