O impacto da impedâncio-pH-metria esofágica no tratamento da DRGE | Revista Médica Ed. 5 - 2014

Método detecta e classifica o refluxo, facilitando a correlação com sintomas, sobretudo na vigência do uso de IBP

Método detecta e classifica o refluxo, facilitando a correlação com sintomas, sobretudo na vigência do uso de IBP

Dr. Nelson H. Michelsohn* e Dr. Ary Nasi**

Por volta de um terço dos pacientes que usam inibidor da bomba de prótons (IBP)mantém sintomas de refluxogastroesofágico. Diante disso, exames adicionais são necessários para determinar se o quadro se deve à supressão inadequada de ácido ou a um possível refluxo nãoácido ou, ainda, se não deriva dadoença do refluxo gastroesofágico (DRGE), cuja prevalência tem aumentado globalmente, segundo estudos epidemiológicos, chegando a 23% da população na América do Sul e a 18-28% e 9-26% na América do Norte e na Europa, respectivamente.

Embora detecte o refluxo ácido, a pH-metria esofágicaé incapaz de identificar outros tipos de refluxo. Já a impedâncio-pH-metria esofágica, por meio do sensor de pH e da impedância elétrica intraesofágica, que mede a resistência à passagem de energia elétrica entre dois eletrodos,consegue flagrar a presença de qualquer material no interior do esôfago, seja ele líquido, seja gasoso, seja misto, eainda determina se esse conteúdo é ácido (pH<4), levemente ácido (pH entre 4 e 7) ou alcalino (pH>7).

Assim sendo, o método tem grande utilidade no manejo dos pacientes que, a despeito do IBP, prosseguem com sintomas, na medida em quepermite a quantificação dos diversos tipos de refluxo e sua correlação com as manifestações clínicas, com impacto direto no tratamento clínico ou cirúrgico em mais de 50% dos casos, conforme observado em estudo recente daJohns Hopkins(DigDisSci (2014) 59:1817-1822).

Com ou sem antissecretor?

As novas diretrizes da Associação Americana de Gastroenterologia, publicadas em 2013, recomendam que os exames sejam realizados na vigência de IBP sempre que a probabilidade pré-teste de DRGE for alta. Contudo, diante de uma probabilidade baixa, preconiza-se a investigação do refluxo pelapH-metria ou pela impedâncio-pH-metriaapós a suspensão dos antissecretores.

Estudos mostram que,quando essespacientes sãoavaliados na vigência do antissecretor, 10% apresentam sintomas atribuídos ao refluxo ácido, que não foi adequadamente suprimido pela dose da medicação utilizada. Por outro lado, cerca de 35% têm manifestações devidas a refluxo não ácido e em 55% dos casos o quadro não guarda relação com refluxo. O fato é que a impedâncio-pH-metria ajuda a manejar melhor os pacientes em uso de medicação que permanecem sintomáticos.

* Nelson H. Michelsohn, clinicalfellow em Gastroenterologia no The Medical Collegeof Wisconsin, é médico sênior do Setor de Motilidade Digestiva do Fleury.
[email protected]

** Ary Nasi é médico-assistente, doutor, do Departamento de Gastroenterologia do HC-FMUSP e gastroenterologista do Setor de Motilidade Digestiva do Fleury.
[email protected]