O que mostram as imagens do cérebro de um portador de SPN | Revista Médica Ed. 8 - 2010

Em metade dos pacientes, os exames evidenciam alterações antes do diagnóstico da neoplasia.

Em metade dos pacientes, os exames evidenciam alterações antes do diagnóstico da neoplasia.

Os estudos de imagem, nas SPNs, caracterizam alterações estruturais parenquimatosas, associadas a uma doença maligna – conhecida ou não –, que não resultam de metástases, nem de outras complicações do câncer, nem de efeitos secundários do tratamento. Essas anormalidades ocorrem antes do diagnóstico da neoplasia primária em mais da metade dos casos. Dentre as síndromes paraneoplásicas neurológicas com alterações nos exames de imagem, vale destacar a encefalite límbica e a degeneração cerebelar paraneoplásica. Caracterizada por perda progressiva de memória ou dificuldade de retenção de lembranças de curto prazo, a encefalite límbica frequentemente cursa com convulsões, que podem preceder, por meses, a deterioração da memória. Há pacientes que apresentam ainda um quadro neurológico insidioso, composto de sintomas depressivos e alucinações, que erroneamente pode suscitar a hipótese de transtornos psiquiátricos. Nesses casos, os estudos de ressonância magnética (RM) demonstram, em geral, o comprometimento das estruturas temporais mesiais, com marcado sinal nas sequências pesadas em T2, podendo haver discreto aumento volumétrico, mas sem efeito expansivo ou realce pelo agente paramagnético. A degeneração cerebelar paraneoplásica, a seu turno, causa disfunção cerebelar de início não súbito, porém de evolução rapidamente progressiva e incapacitante, razão pela qual deve ser cogitada em pessoas com mais de 50 anos que apresentem sintomas de topografia cerebelar com tais características. As neoplasias mais comumente relacionadas com essa síndrome incluem os carcinomas de ovário, de mama e de pulmão (tipo pequenas células), além do linfoma. Do ponto de vista histopatológico, verifica-se destruição quase completa das células de Purkinje, assim como astrogliose, com possíveis alterações desmielinizantes no cerebelo e nas colunas posteriores da medula. A RM mostra alteração do sinal dos hemisférios cerebelares, com elevado sinal nas sequências pesadas em T2, sem efeito expansivo ou impregnação pelo contraste paramagnético.




Assessoria Médica
Dr. Antonio Carlos M. Maia Jr.: [email protected]