Parassonias ou distúrbios do despertar | Revista Médica Ed. 5 - 2011

O sonambulismo é marcado por despertares parciais do sono não REM, com comportamentos motores estereotipados e automáticos, além de amnésia total dos eventos. A duração dos episódios, que ocorrem no terço inicial da noite, varia de poucos...

A polissonografia faz parte da investigação do sonambulismo, do terror noturno, dos despertares confusionais e dos pesadelos.

Sono não REM

Meu filho anda durante o sono

O sonambulismo é marcado por despertares parciais do sono não REM, com comportamentos motores estereotipados e automáticos, além de amnésia total dos eventos. A duração dos episódios, que ocorrem no terço inicial da noite, varia de poucos minutos a meia hora. Situações como febre, privação de sono, atividade física, estresse, ansiedade e apneia podem aumentar a frequência das crises. A prevalência desse distúrbio varia de 1% a 17%, acometendo usualmente crianças entre 8 e 12 anos. Em 10% a 25% dos casos, é possível identificar história familiar de sonambulismo, enurese, terror noturno e sonilóquio (falar dormindo). O diagnóstico diferencial envolve o transtorno comportamental do sono REM – muito raro na infância – e as crises epilépticas parciais complexas durante o sono. O tratamento inclui o aconselhamento familiar sobre o caráter benigno da condição e a recomendação de medidas de segurança para prevenir acidentes. Devem-se ainda evitar o uso de cafeína e a privação de sono. Quando os episódios são muito frequentes, vale considerar a utilização de medicação específica.

Meu filho grita aterrorizado no meio da noite
O terror noturno consiste em episódios de despertar parcial do sono não REM, nos quais a criança acorda subitamente, grita e senta-se na cama com um fácies de pavor, acompanhado de intensas manifestações autonômicas, tais como taquicardia, taquipneia, rubor de pele, sudorese e midríase. As crises duram de 5 a 20 minutos e o retorno ao sono é imediato. No dia seguinte, a criança não se lembra do que aconteceu. Fatores como febre, privação de sono e apneia podem aumentar a frequência dos episódios. O distúrbio ocorre mais frequentemente na faixa etária de 4 a 12 anos, sobretudo no sexo masculino. Em um estudo realizado com crianças de 1 a 14 anos de idade, observou-se incidência de 2,9%, com ou sem sonambulismo. É importante fazer o diagnóstico diferencial com pesadelos, crises epilépticas do lobo frontal ou temporal e também com o transtorno comportamental do sono REM. O tratamento do distúrbio, que costuma ceder espontaneamente, é semelhante ao do sonambulismo.

Meu filho acorda estranho durante a noite

Nos despertares confusionais, a criança acorda parcialmente com fala arrastada, sudorese e comportamento inadequado, como choro inconsolável ou agressividade. Da mesma forma que nos demais distúrbios do sono não REM, não há lembrança posterior. Em geral, os episódios costumam ter duração de 5 a 15 minutos, podendo se arrastar por mais de uma hora. Existe a possibilidade de serem precipitados por drogas com ação no SNC, atividade física e privação de sono. A prevalência é de 17% entre 3 e 13 anos de idade, geralmente desaparecendo após os 10 anos. A associação com sonambulismo é frequente, a ponto de um estudo ter revelado que 36% das crianças sonâmbulas haviam apresentado despertares confusionais na idade pré-escolar. Para o diagnóstico diferencial, crises epilépticas e pesadelos devem ser levados em conta.

Por que pedir EEG se a polissonografia também registra a atividade cerebral?
Vários tipos de crises epilépticas, sobretudo as frontais, durante a noite, podem ser confundidos com as parassonias, daí a importância do eletroencefalograma (EEG) em tais casos. Apesar de a polissonografia registrar a atividade elétrica cerebral, esse registro nem sempre é suficiente para documentar uma atividade epileptiforme, por limitação do número de canais. Assim, na suspeita de epilepsia, o EEG e o vídeo-EEG complementam as informações obtidas com a polissonografia.

Sono REM

Meu filho tem pesadelos

Na infância, destacam-se, dentre as parassonias do sono REM, os pesadelos, que são episódios em que a criança acorda assustada e, a seguir, relata histórias de conteúdo desagradável. Ao contrário do terror noturno, esses distúrbios predominam na segunda metade da noite e raramente incluem fala, gritos ou deambulação durante o sono. Os pesadelos são mais frequentes entre os 3 e os 6 anos e então se tornam mais esparsos. O tratamento, na maioria dos casos, se restringe à orientação familiar a respeito do caráter benigno da condição.

Quando a polissonografia é necessária nas parassonias
1. Riscos de lesões ou violência
2. Diagnóstico diferencial com crises epilépticas
3. Presença de sonolência excessiva diurna
4. Ausência de resposta terapêutica
5. Associação com outros distúrbios neurológicos, médicos ou psiquiátricos

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Assessoria Médica em Polissonografia
Dra. Rosana Souza Cardoso Alves: [email protected]
Dr. Rodrigo Tangerina: [email protected]
Dra. Luciana Sousa Franco: [email protected]