Redução das horas de sono também está associada à doença | Revista Médica Ed. 3 - 2013

Sabe-se que os principais fatores relacionados à obesidade são os genéticos, a quantidade e qualidade da dieta e a redução da atividade física.

Sabe-se que os principais fatores relacionados à obesidade são os genéticos, a quantidade e qualidade da dieta e a redução da atividade física. Contudo, outros fatores coadjuvantes vêm sendo implicados no expressivo aumento das taxas globais da doença. 

Nesse sentido, a redução das horas de sono tem apresentado importante correlação com a obesidade. Desde o advento da iluminação artificial, as pessoas têm reduzido progressivamente as horas de sono devido a maiores oportunidades de trabalho e entretenimento à noite. E hoje, essa prática é culturalmente valorizada pela sociedade como sinônimo de eficiência e produtividade. No entanto, é durante o sono que ocorre a modulação de vários mecanismos biológicos como secreção hormonal, regulação da pressão arterial e de funções cognitivas. Diversos trabalhos demonstram em modelos animais e em humanos que a redução das horas de sono está relacionada ao aumento do peso corporal, fato que se observa inclusive em crianças. Acredita-se que o mecanismo responsável por isso seja um desequilíbrio na secreção da leptina e da grelina, hormônios que têm, entre outras funções, a regulação da fome e da saciedade.

A leptina é um hormônio produzido predominantemente pelo tecido gorduroso e está associada à sensação de saciedade e redução da ingesta. Estudos experimentais revelam que a redução das horas de sono leva à diminuição dos níveis de leptina e, de maneira inversa, aumenta os níveis de grelina, que é um hormônio produzido predominantemente no estômago e está relacionado com a maior ingesta alimentar. 

Além disso, algumas pesquisas destacam que a redução do período do sono aumenta a resistência à insulina, levando inclusive ao aumento dos níveis séricos de glicose em indivíduos saudáveis, alteração esta que é reversível com mais horas de sono. Fatores comportamentais também são observados, principalmente em trabalhadores noturnos que, durante o período de privação de sono, além de terem maior oportunidade para ingesta alimentar, têm preferência por alimentos mais calóricos.