Ressonância magnética fetal complementa a avaliação de malformações encefálicas | Revista Médica Ed. 2 - 2016

A avaliação do cérebro fetal por ressonância magnética (RM) vem ganhando destaque como técnica complementar à ultrassonografia (US). Com sua capacidade de análise multiplanar e sua alta resolução anatômica, somadas ao advento das técnicas de aquisição rápida, o método permite flagrar as alterações morfológicas do sistema nervoso central em desenvolvimento, configurando ferramenta valiosa no pré-natal, em especial quando a US mostra-se duvidosa ou limitada pela apresentação do feto ou por acentuado oligoâmnio. Ademais, em comparação à US, a RM faz um melhor estudo de áreas como o córtex, os ventrículos, o espaço subaracnoide, o corpo caloso e as estruturas da fossa posterior.

Evidentemente, considerando-se o cérebro em desenvolvimento, os parâmetros técnicos do exame devem ser otimizados. Assim, as sequências ponderadas em T2 configuram as mais úteis para estudar as mudanças no conteúdo de água do tecido cerebral do feto. A obtenção de imagens, por sua vez, exige planos ortogonais – sagital, coronal e axiais – em relação à cabeça fetal e à coluna vertebral.

Um exemplo atual da aplicação da RM fetal é a complementação diagnóstica diante de microcefalia diagnosticada à US fetal, associada a malformações no contexto clínico de infecção por Zika vírus, com o objetivo de avaliar a extensão do acometimento cerebral.

Convém salientar que a integração apropriada da RM em algoritmos de avaliação pré-natal pode facilitar a tomada de decisões. No Fleury, a revisão sistemática dos achados por uma equipe multidisciplinar de assessores médicos permite ao obstetra solicitante receber apropriado aconselhamento nesse sentido.

 Agenesia do corpo caloso. Imagens SS ponderadas em T2 nos planos axial (A), coronal (B) e sagital (C) confirmam os achados ecográficos da condição. Em A, note os sinais de colpocefalia, com dilatação dos cornos occipitais dos ventrículos laterais. Em B e C, destaca-se a ausência da grande comissura.

Malformação de DandyWalker. Imagens axiais (A e B) e sagital (C) de um feto com 27 semanas de gestação. Observe a marcada hipoplasia do verme do cerebelo, associada a aumento das dimensões da fossa posterior, com volumoso cisto dorsal em comunicação com o quarto ventrículo. A tórcula, o seio reto e o tentório encontram-se em topografia alta.

 

ASSESSORIA MÉDICA
Neuroimagem
Dr. Antonio Carlos M. Maia Junior
[email protected]
Medicina Fetal
Dr. Mário Henrique Burlacchini de Carvalho
[email protected]