Ressonância magnética também contribui para o estudo das síndromes demenciais | Revista Médica Ed. 8 - 2010

A possível presença de doenças neurológicas tratáveis deve ser afastada por meio da avaliação por métodos de imagem.

A possível presença de doenças neurológicas tratáveis deve ser afastada por meio da avaliação por métodos de imagem.

Os métodos de imagem, incluindo a tomografia computadorizada e, principalmente, a ressonância magnética, são frequentemente utilizados para a avaliação de síndromes demenciais. No contexto clínico da suspeita de doença de Alzheimer (DA), porém, a principal contribuição dos estudos de imagem é descartar outras causas de demência, como hematomas subdurais crônicos, hidrocefalia e lesões expansivas, haja vista a baixa especificidade e sensibilidade desses exames para fazer o diagnóstico específico de DA. Diversos autores têm demonstrado, entretanto, a utilidade das sequências volumétricas seriadas de ressonância magnética convencional no diagnóstico presuntivo dessa demência. Tais sequências detectam alterações volumétricas nas mesmas regiões anatômicas das usualmente observadas no envelhecimento cerebral normal, com predomínio do acometimento dos lobos temporais – incluindo as estruturas temporais mesiais – e parietais. No entanto, a redução volumétrica global observada em pacientes com Alzheimer é maior – e mais precoce – que a do envelhecimento normal. Nessas situações, o comprometimento da formação hipocampal e do córtex entorrinal é a regra. Sequências adicionais podem ainda ser úteis na abordagem de indivíduos com Alzheimer, como a espectroscopia de prótons por ressonância, que permite a avaliação metabólica tissular in vivo. Em estudos que avaliaram esse recurso, comparando séries de pacientes com diagnóstico provável da doença com séries de pacientes sem déficits cognitivos, pareados para a faixa etária, observou-se que os portadores de DA apresentaram redução do pico de N-acetilaspartato e de suas relações, decorrente de despopulação/disfunção neuronal, associada a aumento do pico de mioinositol e suas relações, por mecanismo de proliferação glial e reparação astrocitária. A despeito de serem verificados em outras situações clínicas – como doenças vasculares, inflamatórias e metabólicas, além de outras síndromes degenerativas –, esses achados podem contribuir para a presunção diagnóstica de DA, desde que interpretados à luz de uma estreita correlação clínica e associados aos dados obtidos por meio da ressonância magnética convencional, da avaliação neuropsicológica e do estudo do liquor.


Doença de Alzheimer: dramática redução volumétrica temporal
mesial bilateral, envolvendo os hipocampos e giros para-hipocampais,
com alargamento compensatório dos cornos
temporais dos ventrículos laterais, o que é desproporcional
à redução volumétrica do restante do parênquima cerebral.


Assessoria Médica

Dr. Antonio Carlos M. Maia Jr.: [email protected]