Sequências específicas de RM são mais sensíveis para detectar o comprometimento cortical na esclerose múltipla | Revista Médica Ed. 2 - 2013

A esclerose múltipla (EM) tem sido associada ao acometimento multifocal da substância branca. No entanto, novas sequências de ressonância magnética (RM) vêm demonstrando um comprometimento cerebral mais difuso, com envolvimento cortical e justacortical.

A esclerose múltipla (EM) tem sido associada ao acometimento multifocal da substância branca. No entanto, novas sequências de ressonância magnética (RM) vêm demonstrando um comprometimento cerebral mais difuso, com envolvimento cortical e justacortical. Evidências recentes colocam a presença das lesões corticais como um ponto crítico na patogênese da doença, inclusive em suas fases iniciais. Na RM, as aquisições double inversion recovery (DIR) apresentam maior sensibilidade que as aquisições convencionais para esse propósito, conforme constatou um estudo observacional e transversal realizado pela equipe de Neurorradiologia que atua no Fleury e no Serviço de Diagnóstico por Imagem da Santa Casa de São Paulo.

Nesse trabalho, os pesquisadores compararam a qualidade das imagens e a capacidade de detectar lesões corticais das sequências 3D e 2D DIR em uma série de 20 pacientes que realizaram RM durante os dois primeiros anos após o diagnóstico de EM (McDonald 2010), os quais foram ainda confrontados com um grupo controle pareado por sexo e idade. Todas as imagens passaram pela avaliação de dois neurorradiologistas treinados para essa interpretação específica.

De acordo com os assessores médicos em Neuroimagem do Fleury Antonio Rocha e Antonio Carlos Maia Jr., que participaram do estudo, as imagens DIR têm maior sensibilidade que as sequências convencionais pesadas em T2/Flair e possibilitam a detecção mais confiável de pequenas lesões no córtex cerebral em indivíduos com diagnóstico recente de EM. “Devido ao maior tempo de aquisição e à baixa relação sinal-ruído, a sequência 3D demonstrou-se mais suscetível a artefatos, quando comparada à 2D DIR”, explica Rocha.

Em vista desses resultados, os autores estimulam a obtenção de protocolos apropriados, incluindo a 2D DIR, para adquirir imagens de maior resolução, visando à detecção fidedigna de lesões corticais. “Embora a aquisição desse tipo de imagem não faça parte da rotina, pode ser incorporada em casos específicos, requerendo, entretanto, uma interpretação muito minuciosa, feita por especialista com treinamento específico”, pondera Maia.

imagens axiais Flair (A-C) e DiR (D-F) de uma paciente de 49 anos com esclerose múltipla diagnosticada nove meses antes. A sequência DiR tem maior sensibilidade que a Flair e permite a detecção mais confiável de pequenas lesões no córtex cerebral (setas). Arquivo Fleury.