Sintomas e alterações em exames específicos denunciam incapacidade do ventrículo | Revista Médica Ed. 7 - 2009

O ecocardiograma tem papel preponderante no diagnóstico, no acompanhamento de portadores e na definição terapêutica da condição.

A insuficiência cardíaca tem alta prevalência na população geral, afetando 2,5% dos indivíduos adultos nos Estados Unidos. Pode ser definida como uma síndrome clínica complexa, resultante de qualquer alteração estrutural ou funcional cardíaca que comprometa a capacidade de o ventrículo ejetar sangue ou recebê-lo.

É causada principalmente por doença das artérias coronárias, sobretudo após infarto do miocárdio extenso, assim como por problemas valvares do coração, por afecções miocárdicas primárias, a exemplo das dilatações decorrentes de miocardites, por hipertensão arterial sistêmica e por doença de Chagas. Outras causas menos comuns incluem a miocardiopatia hipertrófica, as condições que determinam disfunção diastólica isolada, como amiloidose, a endomiocardiofibrose e os distúrbios que dão origem a arritmias, como displasia arritmogênica do ventrículo direito.

O diagnóstico da insuficiência cardíaca é feito diante de sintomas como dispneia, fadiga, edema, palpitações ou mesmo síncopes e também de sinais específicos, detectados ao exame clínico, podendo ser complementado pelo eletrocardiograma, pela radiografia de tórax e, especialmente, pelo ecocardiograma, que permite confirmar o quadro, avaliar a gravidade, obter parâmetros hemodinâmicos, como as pressões pulmonar e diastólica do ventrículo esquerdo (relação E/E’), e traçar o prognóstico.A dosagem dos peptídeos natriuréticos BNP ou NT-pró-BNP pode ser útil para a diferenciação de outras situações clínicas que provocam dispneia, tendo ainda valor prognóstico nos casos já diagnosticados. Por sua vez, a ressonância magnética igualmente contribui com o diagnóstico etiológico, sobretudo para identificar causas específicas de doença miocárdica.

Uma vez confirmada a incapacidade ventricular, o paciente deve receber acompanhamento clínico, eletrocardiográfico e, eventualmente, ecocardiográfico, este último incluindo avaliação rigorosa da fração de ejeção e estimativa das pressões pulmonar e diastólica do ventrículo esquerdo, além das medidas clássicas.

A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) é uma opção recente no tratamento da insuficiência cardíaca em indivíduos sintomáticos refratários à terapêutica farmacológica otimizada, desde que tenham fração de ejeção do ventrículo esquerdo abaixo de 0,35 e eletrocardiograma com bloqueio de ramo esquerdo e duração do complexo QRS superior a 150 ms.

Nos pacientes com QRS entre 120 e 150 ms, a TRC pode ser usada apenas na falta de sincronia intraventricular ao Doppler tecidual ou ao ecocardiograma tridimensional. Em caso de insucesso, o transplante cardíaco pode ser necessário em algumas pessoas, evidentemente depois de uma avaliação social e clínica e da realização dos exames complementares necessários, como o teste ergoespirométrico para a determinação do VO2 máximo.

 Leia mais detalhes sobre o uso da ressonância magnética e do ecocardiograma tridimensional na insuficiência cardíaca.