Trabalho demais aumenta risco de eventos encefálicos | Revista Médica Ed. 5 - 2015

Metanálise vê associação entre sobrecarga de trabalho e maior risco de AVC.



Uma metanálise publicada recentemente na revista inglesa The Lancet concluiu que longas jornadas de trabalho estão associadas a um aumento no risco de acidente vascular cerebral (AVC).


Baseada na análise de 25 estudos, oriundos de 24 coortes europeias, americanas e australianas, a metanálise avaliou o risco de doença arterial coronariana (DAC) e de AVC em 603.838 indivíduos, de acordo com o número de horas trabalhadas por semana. 

Esses profissionais não tinham doença coronariana no início do acompanhamento e foram seguidos por um período médio de 8,5 anos, para DAC, e de 7,2 anos, para AVC, após os quais a iniciativa contabilizou 4.768 e 1.722 casos de eventos cardíacos e encefálicos, respectivamente. 


Ajustando os dados para múltiplas variáveis, como sexo, idade, status socioeconômico, IMC e tabagismo, entre outras, o estudo apontou um aumento no risco das duas doenças para os indivíduos cuja carga horária de trabalho ultrapassava 55 horas semanais, em comparação com profissionais que ficavam de 35 a 40 horas no batente ao longo da semana. 


Contudo, se, para a DAC, o achado não foi estatisticamente significante (RR 1,13, 95%, IC 1,02 – 1,26; p = 0,02), o aumento do risco, para o AVC, não somente se mostrou relevante (RR 1,33, 95%, IC 1,11 – 1,61; p = 0,002), como também seguiu um efeito dose-resposta, com elevação da chance de um evento quanto maior o número de horas trabalhadas. 


Esses resultados preocupam porque longas jornadas de trabalho têm sido cada vez mais comuns no cenário atual. A associação encontrada, que não variou entre os sexos nem entre região geográfica, sugere que uma abordagem individualizada deve ser dada aos profissionais e que os demais fatores de risco cardiovascular requerem um manejo mais rigoroso nesse grupo. 


Ref.: Lancet 2015; 386: 1739-46.