Com o pé no futuro | Revista Fleury Ed. 36

O trabalho da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento para trazer os mais avançados exames

A equipe de Pesquisa e Desenvolvimento do Fleury acompanha os avanços da ciência e da tecnologia para oferecer diagnósticos mais rápidos e certeiros até para as doenças mais complexas.


Já imaginou poder ler seus genes para descobrir a origem de uma doença? Ou detectar uma síndrome rara no bebê, ainda na barriga, analisando apenas o sangue da mãe? Essas são algumas das inovações desenvolvidas pela equipe da área de Pesquisa e Desenvolvimento (ou P&D) do Fleury, que está de olho no futuro para oferecer, no presente, exames mais precisos, menos invasivos e com resultados que cheguem mais rápido ao cliente.

“A parceria com as universidades é uma via de mão dupla. Nós precisamos da pesquisa básica, e o conhecimento que surge na academia precisa se aproximar das empresas para se tornar uma solução e chegar ao público.”
Dra. Maria Carolina Tostes Pintão, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury

66 Novos exames foram criados pela equipe do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Fleury em 2015.

Esse time se divide em duas frentes de atuação. Em uma delas, a equipe técnica se conecta aos médicos e às universidades, fica de olho no que é discutido em congressos e conversas com fornecedores e pacientes. Já a equipe de gestão está sempre atenta às tendências em medicina e tecnologia e às empresas que podem render boas parcerias para inovar. “Assim sabemos de quem podemos nos aproximar e quem pode ser um parceiro estratégico para crescer”, explica Dra. Maria Carolina Tostes Pintão, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury e médica hematologista doutorada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto.


É uma equipe responsável por fazer ideias e pesquisas acadêmicas saírem do papel – e num ritmo impressionante. Só no ano passado, o setor de P&D entregou 66 novos produtos em áreas diferentes, como a genômica, a oncogenética (que detecta fatores relacionados ao diagnóstico e prognóstico de um câncer) e as doenças infecciosas e autoimunes. “Estamos de olho nas tendências em saúde para atender cada paciente de maneira realmente personalizada, usando até mesmo o sequenciamento genético quando indicado. Com um portfólio avançado de testes diagnósticos, ajudamos o médico a definir o melhor tratamento para doenças complexas”, afirma Ana Claudia Rasera da Silva, gerente de Inovação e Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Fleury.

“O Fleury sempre esteve atento às inovações científicas para transformá--las em produtos que tragam benefício para o cliente. Se não fosse assim, não teria chegado aos 90 anos.”
Flávia Helena da Silva, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury

Para manter esse processo a pleno vapor, o Fleury conta com uma equipe altamente qualificada – praticamente a metade com doutorado e um quarto com pós-doutorado. Seus assessores médicos e científicos atuam em parceria com a comunidade médica, os fornecedores e, principalmente, as universidades. “As instituições acadêmicas são essenciais porque é lá que borbulha o conhecimento e nascem novos conceitos que depois viram produtos. Por isso temos projetos de pesquisa com diferentes instituições acadêmicas, em diversos estados”, afirma Flávia Helena da Silva, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury. “Nosso desafio é descobrir como trazer o futuro da medicina diagnóstica para o presente.”

Outra estratégia essencial para aprimorar as soluções em diagnósticos é a internalização de diversos exames – quando eles passam a ser desenvolvidos pelo Fleury em vez de fornecidos por parceiros externos. O efeito imediato dessa estratégia é a redução do prazo de liberação dos resultados e maior eficiência do teste. Mas o principal benefício para a equipe de P&D é ampliar seu know-how em medicina diagnóstica e aprimorar ainda mais a qualidade dos produtos e serviços. “A internalização abre espaço para novas linhas de conhecimento. Aprendemos a fazer e atendemos melhor o cliente, porque o exame sai mais rápido e temos mais controle sobre todo o processo”, diz Dra. Maria Carolina. A mais recente e comemorada pela área foi a da sorologia do vírus Zika. Uma vez que tal sorologia pode apresentar reatividade cruzada com a da dengue, o Fleury traz ainda, como diferencial, o acréscimo de um teste para dengue sempre que as condições do exame para Zika exigirem, o que evita impasses para clientes e médicos.

Quer saber mais sobre o que a equipe de P&D anda fazendo? Confira, nas páginas a seguir, o que os nossos profissionais vêm acompanhando e alguns dos novos exames desenvolvidos para oferecer diagnósticos ainda melhores.

A sofisticação do P&D

Os avanços e as tendências em saúde que estão na mira do time de Pesquisa e Desenvolvimento do Fleury.


Sequenciamento de exoma

É um exame de última geração que analisa uma parte dos nossos genes para detectar doenças que têm origem genética, como problemas cardiovasculares ou neurológicos. A vantagem do sequenciamento é que dá para investigar várias doenças realizando apenas um teste. Até 2015, esse exame era feito em parceria com outra empresa; em 2016, passou a ser realizado pela equipe do Fleury. Para isso, foi preciso inovar mais uma vez e criar uma estrutura de bioinformática.

Mamografia 3D

Também conhecida como tomossíntese mamária, é o mais recente avanço desse tipo de exame para obter imagens mais nítidas da estrutura da mama e, assim, aprimorar o diagnóstico de lesões e detectar tumores, especialmente em mulheres que não apresentam sintomas de câncer. Essa nova técnica usa projeções bidimensionais obtidas em ângulos diferentes para criar imagens mais precisas. Na mamografia tradicional, a sobreposição dos tecidos que compõem a mama dificulta a identificação de tumores em estágio inicial; já na tomossíntese, há aumento de 27% na detecção do câncer, segundo um estudo realizado na Noruega.

Exame não invasivo do feto

Um exemplo de parceria para transferência de tecnologia na área de medicina fetal foi a firmada com a Illumina para oferecer o teste de trissomia fetal, um método diagnóstico não invasivo. Com uma amostra do sangue da mãe, é possível descobrir, com 99,5% de precisão, o risco de o feto desenvolver síndromes como as de Down, de Edwards ou de Patau. Esse teste também detecta alterações nos cromossomos sexuais (X e Y), como síndrome de Turner e Kleinefelter. “Antigamente, era preciso perfurar com uma agulha a barriga da gestante para tirar líquido amniótico e fazer o exame”, recorda Dra. Maria Carolina Tostes Pintão, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury.

Detecção dos erros inatos

O Fleury reduziu para sete dias úteis o prazo de liberação do resultado da quantificação de aminoácidos no plasma sanguíneo – quando esse mesmo exame é feito por meio do líquor ou da urina, leva de 20 a 30 dias corridos. Esse teste tem utilidade na investigação de erros inatos do metabolismo ou do transporte de aminoácidos, como a fenilcetonúria, uma doença que pode causar lesões no cérebro, levando a deficiência intelectual, se não diagnosticada precocemente. Esses erros representam 10% das doenças genéticas, e podem ser detectados desde a fase neonatal. A rapidez nesse tipo de diagnóstico é essencial para evitar a piora dos sintomas ou a irreversibilidade do quadro clínico.

Síndrome de wiskott-aldrich

É um teste importante em uma das especialidades em que o Fleury mais se destaca: a imunologia. A Síndrome de Wiskott-Aldrich é uma imunodeficiência ligada ao cromossomo X e alguma de suas manifestações clínicas características são eczema, infecções recorrentes
e hemorragias graves, principalmente no trato gastrointestinal. A doença é rara – atinge uma em cada 100 mil pessoas –, e também eleva o risco de desenvolvimento de tumores
e de doenças autoimunes. O diagnóstico da síndrome por meio da citometria de fluxo é um dos novos exames oferecidos pelo Fleury.

Bioinformática

Ao internalizar processos complexos, como o exoma (sequenciamento da informação genética), a área de P&D teve de desenvolver também uma nova plataforma de informática, voltada especialmente para a área de genômica. Nasceu, assim, a bioinformática, que no futuro vai permitir o desenvolvimento de outros testes relacionados a mutações genéticas para síndromes complexas e para tratamentos oncológicos.

T3 reverso


Mais um exemplo de exame que foi internalizado para ser aprimorado pelo time de Pesquisa & Desenvolvimento. Como resultado, houve uma expressiva redução do prazo de entrega do resultado para o cliente.

Diagnóstico personalizado

O sequenciamento do genoma humano no início dos anos 2000 abriu a possibilidade de entender as doenças não só do ponto de vista bioquímico ou dos sintomas, mas também pelo prisma das modificações genéticas que as causam. Por isso, uma das tendências que norteiam o trabalho da equipe de P&D é desenvolver exames que permitam olhar o paciente da maneira mais personalizada possível. “Estamos focados nas interações peculiares que cada indivíduo pode ter com determinadas patologias. O uso dessas informações genômicas melhora o diagnóstico e o prognóstico dessas pessoas”, diz Ana Claudia Rasera da Silva, gerente de Inovação e Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Fleury.

Uso de big data

O refinamento da qualidade das imagens dos exames, obtidas com novos equipamentos digitais, gera ainda mais dados a serem analisados no processo de diagnóstico. Por isso, a equipe de P&D tem pensado muito sobre como integrar as informações dessas imagens aos dados bioquímicos e genéticos dos clientes. “Estamos ligados não só na tecnologia em si, mas em como dar a ela um significado clínico. Hoje, podemos rastrear todas as informações genéticas de uma pessoa, mas, sem oferecer um foco, esses dados só vão gerar ansiedade”, explica Dra. Maria Carolina Tostes Pintão, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury.

Gestão pessoal da saúde

O avanço da tecnologia trouxe outro grande desafio para os profissionais de medicina diagnóstica. Como lidar com um paciente que tem aplicativos e informações à mão para se tornar o gestor de sua saúde e pode compartilhar sua experiência em tempo real, inclusive o resultado de um exame? “Temos de aprimorar os nossos laudos para transformar todos esses dados em informações mais acessíveis, não só para o médico,
mas para o paciente também”, pondera Flávia Helena da Silva, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury

Espectrometria de massas

O Grupo Fleury foi a primeira empresa de medicina diagnóstica do Brasil a realizar exames usando a espectrometria de massas, uma técnica para quantificar moléculas, como hormônios e proteínas, com o máximo de precisão, mesmo que elas estejam em baixo nível de concentração. No início do ano, mais um passo importante foi dado: a assinatura de um acordo de licenciamento com a empresa norte-americana Quest Diagnostics, líder mundial em serviços de informações diagnósticas, para transferência de tecnologia em espectrometria de massas em três tipos de exames de análises clínicas. Dessa forma, a equipe de P&D quer acelerar o desenvolvimento dessas soluções e oferecer serviços de alta qualidade para pacientes e médicos.

O investimento nessa tecnologia já está recebendo reconhecimento. Neste ano, o Fleury se tornou a primeira empresa de medicina diagnóstica da América Latina a receber a certificação para dosagem de hemoglobina glicada usando a espectrometria de massas, concedida pelo IFCC (International Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine). Esse exame é essencial na avaliação do controle do diabetes e mostra o nível de glicemia (nível de glicose no sangue) de um período de 60 a 90 dias. A certificação é um passo importante para obter resultados diagnósticos no mesmo nível de laboratórios internacionais de referência e para padronizar os métodos utilizados em todas as unidades do Fleury.