Mulher, 41 anos, em programação de histerectomia, foi encaminhada por seu ginecologista para ultrassonografia após quadro de doença inflamatória pélvica que tinha sido tratada 15 dias antes. Referia dismenorreia considerada “normal” desde a adolescência. De antecedentes obstétricos, havia tido uma gestação prévia, com parto cesáreo.
Ultrassonografia transvaginal sem preparo intestinal, realizada por médico radiologista treinado para o diagnóstico de endometriose. A imagem A mostra útero no corte longitudinal. Em B, observam-se os ovários. A imagem C exibe a região retrocervical e a D, o colo uterino e parte do reto.
A ultrassonografia transvaginal sem preparo intestinal identificou espessamento hipoecogênico na topografia do tórus uterino e dos ligamentos uterossacros, associado a processo aderencial com os ovários, que se encontravam medianizados e fixos às manobras de mobilização, e com o retossigmoide. O ovário direito também apresentou lesão cística de conteúdo espesso com aspecto em “vidro fosco”, típico dos endometriomas. Notou-se ainda espessamento hipoecogênico da parede anterior do reto, igualmente aderido à lesão retrocervical, mesmo no exame sem preparo intestinal. Trata-se, portanto, de imagens bastantes típicas de endometriose.
Acometendo cerca de 10% das mulheres em idade fértil, a endometriose caracteriza-se por dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica, que podem estar acompanhadas também de subfertilidade. Contudo, 30% das pacientes podem ser oligo ou assintomáticas. O local de acometimento mais frequente é a região do tórus uterino e dos ligamentos uterossacros, seguida por ovários, vagina, reto e bexiga.
A lesão intestinal está presente em 30-70% das pacientes e aumenta a complexidade cirúrgica, além de muitas vezes necessitar de equipe de cirurgia do aparelho digestivo. Por sua vez, as lesões que se estendem lateralmente podem acometer ainda o trajeto dos ureteres e dos nervos hipogástricos, incluindo os ramos dos plexos hipogástricos inferiores.
Dessa forma, o mapeamento pré-cirúrgico mostra-se crucial na definição da equipe e da estratégia laparoscópica a ser adotada, caso a paciente tenha indicação de cirurgia. No caso apresentado, o diagnóstico pré-operatório foi decisivo para a adequada programação cirúrgica.
Tanto a ultrassonografia com preparo intestinal quanto a ressonância magnética têm papel fundamental no mapeamento pré-operatório e possuem sensibilidade e especificidade semelhantes para os sítios de acometimento pélvico mais prevalentes.
A ressonância magnética realizada para confirmação diagnóstica e mapeamento pré-operatório confirma os achados ultrassonográficos e corrobora a hipótese de endometriose profunda no compartimento pélvico médio e posterior. As imagens A, B e C demonstram lesão retrocervical que oblitera o fundo de saco posterior, aderida aos ovários e ao retossigmoide, onde se vê extensa lesão parietal profunda. Nota-se ainda que os ureteres pélvicos apresentam íntimo contato com essas alterações, sobretudo à direita. Em B e C, confirma-se a presença do endometrioma ovariano direito.
CONSULTORIA MÉDICA
Imagem da Pelve Feminina
Dra. Ana Paula Carvalhal Moura
Dra. Maria Inês Novis
maria.novis@grupofleury.com.br
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Ressonância magnética é útil especialmente em casos mais complexos da doença
Publicação destaca o diagnóstico por imagem das doenças neurometabólicas.