Hipertensão arterial: entidades norte-americanas reduzem valor de corte para definir a doença | Revista Médica Ed. 1 - 2018

Condição atinge cerca de 30% a 40% da população no mundo e é responsável por significativa morbidade e mortalidade.


A hipertensão arterial (HA) atinge cerca de 30% a 40% da população no mundo e é responsável por significativa morbidade e mortalidade. No entanto, desde a publicação da atualização das diretrizes de prática clínica para a prevenção, o diagnóstico e o manejo da condição pelo American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA) Task Force, em novembro último, mais indivíduos poderão ser classificados como hipertensos.


Segundo as novas diretrizes, quem apresenta pressão arterial sistólica (PAS) de 130-139 mmHg ou pressão arterial diastólica (PAD) de 80-89 mmHg é classificado como portador de hipertensão em estágio 1. Apesar de não requerer tratamento farmacológico, esse nível de PA indica risco duas vezes maior de infarto do miocárdio ou de acidente cerebrovascular em comparação ao indivíduo com valores normais. Vale lembrar que a medida da PA deve ser acurada, obtida após a média de duas a três aferições em duas a três ocasiões.


O risco de evento cardiovascular nos dez anos seguintes também é levado em conta nesse contexto para determinar a conduta médica. Em caso de hipertenso em estágio 1 com baixo risco de evento, bastam abordagens não farmacológicas. Já se o indivíduo tiver risco alto, superior a 10%, o tratamento deve associar medicamentos com mudanças no estilo de vida.


É importante destacar que essas diretrizes se basearam na prática clínica dos Estados Unidos, mas, como informado no próprio documento, recomendações desenvolvidas em colaboração com outras organizações podem ter impacto global. Afinal, um dos motivos para diminuir o alvo de PA para tratamento é ajudar a melhorar a saúde cardiovascular da população.


No Brasil, a 7ª Diretriz Brasileira de HA foi publicada em setembro de 2016 e considera hipertensão em estágio 1 o achado de valores de PAS 140-159 mmHg e PAD 90-99 mmHg, estratificando igualmente os pacientes de acordo com a presença de fatores de risco adicionais. Em resumo, o uso de anti-hipertensivos combinados à terapia não medicamentosa está indicado para indivíduos com PA ≥160/100 mmHg e/ou portadores de hipertensão em estágio 1 com alto risco cardiovascular.


  



Os textos integrais de ambos os documentos podem ser consultados em:


1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. RevBras Cardiol. 2016;107(3):suppl 3.

http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf


2. 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2017 Nov 7.

http://www.acc.org/latest-in-cardiology/tenpoints-to-remember/2017/11/09/11/41/2017-guideline-for-high-blood-pressure-in-adults