Dados do Instituto Nacional do Câncer estimaram que, em 2022, ocorreram cerca de 11 mil casos de câncer do sistema nervoso central (SNC) no Brasil. Os gliomas, que compreendem diferentes subtipos, respondem por aproximadamente 80% dessas neoplasias.
Em 2016, a classificação dos tumores do SNC da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma mudança importante, que preconizou o diagnóstico integrado das neoplasias cerebrais, incluindo as características histológicas e a análise molecular. A recomendação foi reiterada, em 2018, pelo Consortium to Inform Molecular and Practical Approaches to CNS Tumor Taxonomy e, em 2021, ganhou ainda maior ênfase com a quinta edição da classificação da OMS (OMS CNS5), que incorporou biomarcadores genéticos adicionais.
A associação do fenótipo molecular à histologia introduziu novos tipos e subtipos à classificação tumoral, com impacto tanto na doença em adultos quanto na população pediátrica, tornando-se determinante na avaliação dessas lesões em todas as faixas etárias.
Atualmente, ao diagnóstico de um câncer do SNC, vários genes devem ser analisados, abrangendo diferentes tipos de alterações genéticas. Os avanços recentes no conhecimento do perfil molecular de tais tumores permitem não somente uma classificação mais acurada dos tipos e subtipos das neoplasias encontradas, uma vez que lesões com histologia similar podem evoluir de modo distinto, dependendo da assinatura molecular, como também proporcionam uma melhor compreensão da história natural da doença e, portanto, do prognóstico.
Para completar, a caracterização genética fornece informações que interferem no tratamento, como perfis de sensibilidade e de resistência a determinadas drogas, e auxilia a definição de populações mais homogêneas de pacientes elegíveis para ensaios clínicos, o que favorece o desenvolvimento de novas terapias.
O sequenciamento de nova geração (NGS), nesse contexto, configura uma metodologia indispensável, já que consegue analisar múltiplos genes simultaneamente, mesmo em amostras de tecido muito pequenas. O painel somático para tumores do SNC, disponível no Grupo Fleury, contempla as alterações moleculares relevantes para a classificação de gliomas difusos e circunscritos (incluindo astrocitomas, oligodendrogliomas, ependimomas e glioblastomas) e neoplasias neurogliais, possibilitando o diagnóstico de acordo com as recomendações da OMS, além de avaliar a presença de mutações com impacto diagnóstico, prognóstico e terapêutico. A análise do exame usa inteligência artificial (Genoox), mas, evidentemente, conta com avaliação conjunta da equipe técnico-científica e de patologistas, que produzem um relatório interpretativo direcionado ao caso.
Vale ponderar, contudo, que apesar da importância crescente da análise genética, os dados histológicos e de imagem permanecem fundamentais para o diagnóstico integrado que a classificação da OMS propõe, até mesmo porque há tipos tumorais que dependem integralmente desses métodos para o diagnóstico preciso.
Referências
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2. Wen PY et al.The 2021 WHO Classification of Tumors of the Central Nervous System: clinical implications. Neuro Oncol. 2021 Aug 2;23(8):1215-1217.
3. Gritsch S et al. Diagnostic, therapeutic, and prognostic implications of the 2021 World Health Organization classification of tumors of the central nervous system. Cancer. 2022 Jan 1;128(1):47-58.
4. Cheung VKY et al. Next generation sequencing impacts the classification and management of primary brain tumours. Pathology. 2021 Oct;53(6):780-782
Consultoria médica
Dr. Aloisio S. Felipe da Silva
Consultor médico em Patologia
Dra. Dafne Carvalho Andrade
Consultora médica em Patologia
Dr. Renato José Mendonça Natalino
Consultor médico em Patologia
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