Diante de um quadro típico de deficiência primária de anticorpos, que inclui infecções recorrentes das vias aéreas, meningites bacterianas, necessidade de antibioticoterapia
endovenosa, diarreia crônica e giardíase de repetição, a avaliação pode ser feita por mensuração dos níveis de imunoglobulinas e do número de células B e sua imunofenotipagem, bem como pela resposta à vacina para antígenos proteicos e polissacarídicos, também chamada de vacinação diagnóstica.
No último caso, isso é possível porque um imunizante pode ser composto por proteínas, antígenos polissacarídeos ou por polissacarídeos conjugados a proteínas carreadoras.
Enquanto a resposta às proteínas requer a função das células T e B – linfócitos T identificam o antígeno na superfície de linfócitos B e estimulam essas células a produzirem anticorpos –, a resposta aos polissacarídeos exige apenas a função das células B. Assim, a avaliação sorológica após a vacina pneumocócica configura ferramenta útil como auxílio diagnóstico nas imunodeficiências primárias, mas há de se ter cautela na interpretação
dos resultados para evitar erros diagnósticos e custos desnecessários.
Concentrações de anticorpos associadas à proteção após vacinas pneumocócicas
Dada a relativa raridade da doença pneumocócica invasiva para a realização de estudos de eficácia vacinal, parâmetros sorológicos foram estipulados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso na condução de estudos clínicos e como correlatos de proteção – estimativa da concentração de anticorpos adequada para conferir proteção a indivíduos imunizados contra doença pneumocócica invasiva. Pode haver necessidade de títulos
maiores para proteger contra infecção não invasiva (pneumonia, otite, sinusite) e para pacientes imunocomprometidos, mas não existem correlatos padronizados para esses
cenários. Se dosados um mês após a vacinação, geralmente os títulos de anticorpos da classe IgG contra sorotipos do pneumococo são considerados protetores quando se encontram acima de 0,35 μg/mL – o padrão estipulado pela OMS para estudos clínicos.
Entretanto, para fins de identificação de resposta sorológica robusta em pacientes potencialmente portadores de imunodeficiências primárias, convencionou-se o emprego de um valor de referência acima de três desvios-padrão em relação à média para aumentar a especificidade: 1,3 μg/mL. Dessa forma, um indivíduo com concentrações de 1,3 μg/mL para um determinado sorotipo apresenta, em teoria, anticorpos em títulos protetores contra doença invasiva causada por aquele sorotipo pneumocócico.
Esses exemplos ilustram as dificuldades e as fontes de equívocos na interpretação de sorologias pós-vacinação, fruto da ausência de padronização metodológica e de diferentes
desfechos clínicos e populações analisadas. A OMS é clara e salienta que tais parâmetros laboratoriais não devem ser utilizados para a determinação do estado de proteção de um indivíduo após vacinação, tampouco para avaliar proteção contra os outros desfechos de doença (como pneumonia ou otite média aguda).
Uso da sorologia pós-vacinal na investigação de erros inatos da imunidade
O imunizante empregado na investigação de uma possível deficiência de anticorpos é a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (PPSV23). As vacinas conjugadas 13-valente (PCV13) e 15-valente (PCV15) não estão indicadas para essa finalidade porque a conjugação proteica pode interferir na sensibilidade de alguns testes. A avaliação sorológica deve ser
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