Taxa de fragmentação do DNA espermático pode flagrar redução do potencial de fertilidade mesmo com espermograma normal | Revista Médica Ed. 1 - 2018

Pesquisadores do Fleury realizaram um levantamento retrospectivo de todos os pacientes que fizeram o teste de fragmentação do DNA espermático por citometria de fluxo, confrontando os resultados do exame com os do espermograma de cada paciente.

Espermatozoides ao redor de um óvulo humano sob microscopia eletrônica.


A infertilidade é definida como a incapacidade de engravidar após um ano de relações sexuais sem o uso de qualquer método contraceptivo. O número de indivíduos inférteis vem aumentando nos últimos anos, atingindo cerca de 15% dos casais em idade fértil. Vale salientar que os fatores femininos e masculinos contribuem igualmente para esse quadro, com uma taxa de 35% cada, enquanto o conjunto de fatores masculinos e femininos responde por 20% dos casos e os 10% restantes derivam de causas inexplicáveis.


Recentemente, descobriu-se a fragmentação do DNA espermático como causa de infertilidade masculina, mesmo na vigência de um espermograma com todos os parâmetros dentro da normalidade. Elevadas porcentagens de fragmentação na cadeia do DNA estão relacionadas à infertilidade conjugal, a múltiplas falhas em tratamentos de reprodução assistida e a abortos espontâneos precoces de repetição.


Como não há trabalhos na literatura que comparem a taxa de fragmentação do DNA espermático com o espermograma, pesquisadores do Fleury realizaram um levantamento retrospectivo de todos os pacientes que fizeram o teste de fragmentação do DNA espermático por citometria de fluxo, com o uso da técnica Tunel, no período de dezembro de 2016 a agosto de 2017, confrontando os resultados do exame com os do espermograma de cada paciente.


Assim, o grupo analisou os testes de 79 pacientes, que tinham mediana de idade de 37 anos (20-58), e dividiu as taxas de fragmentação do DNA em três categorias: baixa (valores abaixo de 22%), moderada (de 23% a 26%) e alta (acima de 27%).


Os resultados revelaram 44 pacientes (55,7%) com baixas taxas de fragmentação, dos quais 34 (43,0%) sem alterações no espermograma e dez (12,7%) com alterações.


Altas taxas de fragmentação foram apresentadas em 26 pacientes (32,9%), 21 deles (26,6%) com alterações no espermograma e cinco (6,3%) sem alterações. Por fim, observaram-se moderadas taxas de fragmentação em nove pacientes (11,4%), dos quais seis casos (7,6%) com espermograma alterado e três (3,8%) com esse teste normal.


“Os dados do estudo mostraram que a taxa de fragmentação de DNA dos espermatozoides é útil como um exame complementar ao espermograma, podendo elucidar casos de infertilidade sem causa aparente, nos quais o paciente apresenta parâmetros dentro da normalidade”, destaca o assessor médico do Fleury em Urologia e Reprodução Humana, Daniel Suslik Zylbersztejn.


Autores: Daniel DC; Sandes AF; Silva ACT; Catelan TTT; Millan NM; Chereghini AT; Gonçalves MVO; Maekawa YH; Zylbersztejn DS; Dellavance A; Silva RG; Santos JGR; Tamashiro N