Boa noite, mamãe! | Revista Fleury Ed. 14

Durante a gravidez, dormir bem é fundamental para a boa saúde da mulher e do bebê.

As futuras mães sabem: a chegada do bebê mexe com o sono muito antes de ele nascer. No início da gestação, a mu­lher é tomada por um sono que, às ve­zes, parece incontrolável. No final, acontece justa­mente o contrário: a insônia vem e várias noites são passadas em claro. Isso é motivado por diversos fato­res, entre eles as oscilações hormonais. “A progeste­rona age como sedativo. Já os picos de ocitocina, que ocorrem principalmente no final da gravidez, aumen­tam a atividade uterina e podem causar insônia”, ex­plica a neurologista e assessora médica em Polissono­grafia do Fleury, Rosana Souza Cardoso Alves.

Também é muito comum que as preocupações com a nova fase da vida, as inseguranças em relação ao futuro, o medo do parto e as angústias em relação ao bem-estar do bebê provoquem insônia. Para com­pletar, existem ainda as mudanças físicas, como o crescimento do útero, que acarreta compressão da bexiga, obrigando a grávida a levantar-se diversas vezes à noite para ir ao banheiro.

“O sono da gestante é agitado, interrompido. Mui­tas se tornam ainda mais agitadas no final da gravi­dez, devido à dificuldade de encontrar uma posição confortável com o crescimento do abdômen”, observa o ginecologista Julio Elito Junior, professor adjunto do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). Segundo ele, outras mudanças comuns são o ganho de peso e a congestão nasal, que predispõe ao ronco, e as câimbras, que geralmente ocorrem durante o sono. Outra queixa comum das gestantes é a azia, devido ao refluxo gastroesofágico.

O resultado de tantas mudanças é que a mulher passa o dia sonolenta e à noite tem picos de insônia. “Primeiro, a grávida dorme mal por causa da ansiedade. No meio da noite, acorda devido a alterações fisiológicas, como o ronco e mudanças cardiorrespiratórias, que podem pro­vocar falta de ar e mal-estar”, afirma o obstetra David Pares, assessor médico em Medicina Fetal do Fleury.

De acordo com Pares, a sonolência durante o dia pro­voca uma perda no rendimento no trabalho, irritação e redução do poder de concentração. Além disso, é comum ocorrer uma variação muito rápida de quase euforia para depressão. “As ondas cerebrais também são mais inten­sas nessa fase. Por isso, a grávida sonha mais e tem o sono mais agitado”, explica.

A neurologista Rosana Alves alerta para a importân­cia do sono. “É preciso levar uma rotina com horários certos e, quando a sonolência ocorrer durante o dia, o ideal é tirar um cochilo”, ensina. “É bom avisar aos cole­gas e, no caso de exercer alguma atividade de risco (ope­radora de máquinas, motorista, piloto), evitar os horários nos quais a sonolência é maior”, recomenda.

É Importante ter uma rotina de sono. Ao ter sono durante o dia , o ideal é tirar um cochilo

Para dormir melhor
Para curtir essa fase tão especial com mais qualidade de vida, é bom aliar a prática regular de alguma ativi­dade física a uma alimentação saudável. O ideal é con­sumir comidas leves e de fácil digestão. Evite gordu­ras e frituras, e nada de álcool e café. Quanto à pratica de exercícios, isso vai depender das orientações do obstetra. “O indicado é praticar uma atividade aeróbi­ca pela manhã e, no começo da noite, ioga e alonga­mento. A hidroginástica com supervisão para gestan­tes também é excelente”, afirma a neurologista.

E, antes de ir para a cama, a dica é relaxar. Na avaliação de David Pares, a gestante precisa fazer uma atividade an­tes de dormir. “Pode desenvolver alguma habilidade ma­nual (pintura, desenho, bordado, tricô) e outras formas de relaxar, como banho quente e massagem”, aconselha.

O mais importante, de acordo com Rosana, é esclare­cer à futura mamãe que todas essas alterações são fisio­lógicas e características de uma fase transitória. “A reco­mendação é um bom atendimento pré-natal e a consulta a um especialista em sono, se necessário”, diz.