Cinema e saúde | Revista Fleury Ed. 15

Considerado hoje como a sétima arte, o cinema teve origem mais modesta quando foram projetadas, na parede de um prédio em Paris, algumas cenas da chegada de um trem de Vincennes. Pouco depois, outras cenas documentais foram exibidas, a entrada de operários numa fábrica e um sujeito fazendo ginástica no jardim de sua casa.

Na melhor das hipóteses, a brincadeira tinha tudo para se transformar numa atração dos parques de diversão, circos e mafuás. Somente aos poucos a nova linguagem transformou-se em vocábulos capazes de contar uma história, fazer um protesto, tornar-se uma arte que mistura romance, poesia e crítica.

Por isso mesmo, além de se tornar uma expressão de arte, o cinema é também um poderoso veículo da informação em todos os campos, sobretudo no da saúde. Basta lembrar a campanha de esclarecimentos sobre a qualidade de vida, a necessidade da camisinha, dos exames precoces para combater o câncer, etc.

Devo ao cinema momentos de arte que tomei como referência de minha vida profissional de escritor. Devo também ao cinema o alerta que me levou a um especialista que operou minhas cordas vocais. O filme contava a história de uma cantora que estava perdendo a voz e que se recuperou após a cirurgia. Mesmo sem ser cantor, lucrei bastante quando voltei a falar normalmente, embora nem sempre tenha sido entendido.

Este problema que me acompanha desde a infância e é responsável por vexames que dei ao longo da vida não é culpa do cinema nem da medicina. É minha mesmo.