Conexões para o bem | Revista Fleury Ed. 29

Iniciativas de doação de tempo e talento baseadas na internet inspiram pessoas a compartilhar e transformar

Iniciativas de doação de tempo e talento baseadas na internet inspiram pessoas a compartilhar e transformar
Por Mila Vanícola

De um lado, pessoas que precisam de ajuda; de outro, gente que quer compartilhar. Para fazer essa conexão, por que não usar a internet? O movimento Atados usou essa equação ao colocar no ar uma plataforma que une pessoas e organizações sociais e traz à tona possibilidades de trabalho voluntário que, antes, ficavam escondidas ou eram pouco divulgadas.
A iniciativa foi criada por quatro amigos que estudavam juntos na Universidade de São Paulo (USP) e já trabalhavam, mas decidiram largar tudo em nome do projeto. “Primeiro, pensamos em fazer um site que apresentasse as necessidades das associações. Depois, evoluímos para o Atados, que entende a realidade das ONGs, engaja voluntários e une os dois”, explica Daniel Morais, um dos fundadores.

O primeiro passo foi procurar as organizações sociais. “Iniciamos esse trabalho em 2012, visitamos ONGs para entender as demandas e, no lançamento do site, em novembro do mesmo ano, já disponibilizamos centenas de oportunidades para os voluntários”, explica Daniel.

Por meio do site www.atados.com.br, as ONGs podem cadastrar suas principais necessidades. Quem está a fim de ajudar encontra diferentes formas de agir com informações detalhadas sobre atividades, necessidades e localização das organizações. Já são mais de 15 mil usuários e cerca de 200 ONGs cadastradas. A plataforma conta ainda com um blog e uma página no Facebook, com 20 mil curtidas. Com o poder de compartilhamento, foram criados grupos em outros estados, cujos voluntários disponibilizam as demandas de ONGs de Curitiba (PR) e Brasília (DF).

Segundo Daniel, usar a internet fazia parte da estratégia desde o início. “Era o grande foco para impactar e alcançar o maior número de pessoas”. Afinal, para ele, o canal não serve só para divulgar oportunidades de voluntariado. “O voluntário entende a demanda, conhece o perfil da ONG e escolhe com base no que gosta e no que pode compartilhar”. Pode ser dar aula de informática ou produzir um evento especial.

Tudo se conecta
Foi justamente um evento realizado por voluntários do Atados que deu ainda mais força e visibilidade à causa. Tudo isso graças à divulgação do Imagina na Copa, organização de mobilização que descobre e compartilha, por meio de vídeos, projetos e ações de jovens que fazem algo positivo para ajudar a desenvolver o país – uma iniciativa também baseada na internet.

Em 2013, o Instituto Pró + Vida São Sebastião, organização que colabora na solução dos problemas sociais das pessoas com 60 anos ou mais, recebeu a equipe do Imagina na Copa, que foi gravar uma ação proporcionada pelo Atados. Voluntários da iniciativa prepararam nada menos que o casamento entre dois idosos da instituição, com direito a cerimônia, festa, comes e bebes, presentes e diversão.

O vídeo foi produzido para inspirar jovens de todo o Brasil e mostrar que é possível transformar vidas com alguma dedicação e, sobretudo, alegria. “Divulgamos iniciativas que tenham caráter inovador e sejam lideradas por gente nova. A narrativa positiva é feita pelo jovem de forma que gere identificação e que as ideias possam ser replicadas”, diz Mariana Ribeiro, cofundadora do Imagina na Copa.

A organização foi criada por quatro jovens que também decidiram trocar o emprego para se dedicar exclusivamente ao movimento, que vai na contramão do pensamento que gerou protestos e manifestações de indignação nas redes sociais. Em vez do viés negativo, o Imagina na Copa quer mostrar que é possível construir um país melhor antes, durante e depois do evento esportivo – por meio, claro, de ações voluntárias de quem preferiu parar de reclamar e arregaçou as mangas para fazer algo positivo.

Para isso, desde janeiro de 2013 eles apresentam semanalmente uma nova história de quem está transformando o país. Até a abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho de 2014, foram 75 documentários – todos retratando iniciativas perenes, sem data de validade. A iniciativa também conta com o poder de redes sociais como Facebook e YouTube. Segundo Mariana, são mais de 80 voluntários pelo Brasil que ajudam a encontrar as boas histórias. “Precisávamos de uma ferramenta que fosse horizontal, e a rede sempre foi generosa com nossas ações. Recebemos retornos importantes e diversos trabalhos compartilhados e curtidos”, revela.

O efeito positivo da rede
A divulgação do Atados pelo Imagina na Copa engajou Márcia Ramos, estudante de engenharia de produção e voluntária que seguia o Imagina na Copa no Facebook. “Vi que o Imagina ia gravar o casamento, que seria lindo e eu decidi ir lá para conhecer o trabalho”, conta. A visita rendeu frutos e Márcia foi voluntária de uma ação de apadrinhamento de duas ONGs associadas ao Atados. “Adorei a iniciativa e resolvi me atar totalmente.” O trabalho voluntário foi tão prazeroso que ela ficou por um ano e passou a ajudar semanalmente uma associação de amparo e uma de pessoas com deficiência. Para ela, um período de muito aprendizado. “Uma das coisas que mais aprendi foi a ter gratidão. Hoje não reclamo mais das coisas e aproveito cada momento da vida.”

VONTADE DE AJUDAR
O Voluntários Grupo Fleury incentiva os colaboradores da empresa a participar de ações que promovam o bem-estar de quem mais precisa e tragam aprendizado para quem é voluntário. Desde 2010, a iniciativa tem engajado muitos funcionários. Segundo Elisângela Araújo, coordenadora de Sustentabilidade, em 2012 havia 350 voluntários; em 2013, esse número saltou para 865. “Paraná e Pernambuco foram as regionais que demonstraram as maiores taxas de engajamento voluntário em 2013”, diz.

Só mesmo quem é voluntário pode contar o que sente. “É muito bom fazer algo para o próximo. Qualquer ajuda é sempre bem-vinda, até em pequenas coisas como ler uma história e ver o sorriso de uma criança que tanto precisa de alegria. Aprendo que precisamos ser mais humildes, dar mais valor à vida”, diz Cristiane Lopes, colaboradora do Grupo Fleury no Paraná “A cada ação de voluntariado de que participo, tenho uma lição de vida e saio fortalecida”, explica Vanessa Tolvetti, colaboradora do Grupo Fleury em São Paulo.

Grupo Fleury em São Paulo. Segundo Elisângela, ao participar das ações os voluntários se sentem pertencentes e engajam outros colegas, e isso faz muito bem ao ambiente corporativo. “A preocupação com o outro está dentro da cultura e da essência da empresa e inspira os colaboradores. Por isso, é quase natural, para eles, participar das ações. Isso melhora o clima e ainda desenvolve competências”, comenta a coordenadora.

A principal iniciativa colocada em prática é o Projeto DOM, em que organizações do terceiro setor que atuem ou tenham projetos na área da saúde se inscrevem anualmente e são selecionadas a participar de uma capacitação de três dias. As aulas são ministradas por gestores do Grupo. Depois, durante três meses, as organizações contam com o suporte de tutores, também voluntários, para desenvolver projetos práticos. “Os colaboradores têm participação fundamental nessa ação, esclarecem dúvidas e dão todo o apoio para o desenvolvimento”, diz Elisângela. Ao final, os projetos passam por uma banca examinadora formada por especialistas de mercado. Os três de maior destaque ganham como prêmio a reforma completa de um ambiente da organização, com foco em humanizar e tornar o local agradável, o que influencia no bem-estar do paciente. “É uma iniciativa alinhada ao posicionamento do Grupo Fleury - ‘paixão pelas pessoas e pelo que fazemos’. Essa ação foi, inclusive, case destaque no Guia Exame de Sustentabilidade no ano passado, em que o Grupo foi premiado como empresa mais sustentável do setor de saúde”, explica Elisângela.

Já o Projeto Semear, criado em 2013, favorece diversas instituições com atitudes positivas, como arrecadação, desenvolvimento de atividades recreativas e ambientação de espaços. “Nessa ação, os voluntários têm autonomia para criar e decidir e trabalham unidos”, comenta a coordenadora. CAC Solidário e Conecta Saúde são outras ações. A primeira foi criada de forma espontânea pela equipe da Central de Atendimento no ano passado, e a segunda estreia em 2014 e levará conhecimento e informação sobre temas importantes de saúde e qualidade de vida para o público infantojuvenil de escolas e comunidades em que a empresa está presente.

Para saber mais sobre o Projeto DOM, acesse www.domgrupofleury.com.br