Conhecimento médico multiplicado | Revista Fleury Ed. 38

Imagine uma equipe de centenas de especialistas trabalhando em parceria com seu médico para oferecer um diagnóstico ou estratégia de tratamento mais precisos. É isso que a tecnologia Watson faz.


O QUE É

O que é o Watson?

É uma ferramenta de computação cognitiva. Em palavras mais simples, uma forma de inteligência artificial. Lembra do DeepBlue? O computador que venceu o enxadrista Gary Kasparov foi o antecessor do Watson.

Tecnologia de ponta

Essa inteligência artificial é uma das mais avançadas e complexas já desenvolvidas: ela entende e responde em linguagem natural (ou seja, conversa como nós), é capaz de procurar respostas para problemas complexos dentro do que foi treinada para fazer e de aprender sozinha. Pode ser aplicada em várias áreas, não apenas na medicina.

COMO FUNCIONA

1 Watson for Genomics

Um dos campos mais promissores é o uso do Watson na Oncologia, em conjunto com as análises genéticas de tumores. Isso porque, para alguns pacientes, ainda faltam opções terapêuticas, especialmente se o tumor é raro, agressivo ou em está em estágio avançado.

2 Cruzamento de dados

Quando o tratamento não está indo bem, é possível investigar se isso está associado a alguma mutação no tumor. “O genoma tem 3,3 bilhões de pares de base e aproximadamente 20 mil genes, sendo que mais de 400 deles estão associados à condição tumoral ou à resistência do tumor a drogas” explica Dr. Miguel Mitne Neto, Assessor Científico Sênior do Fleury.

3 Como o Watson ajuda a escolher o melhor tratamento?

Com o Watson for Genomics, é possível fazer análises em bancos de dados enormes que buscam as melhores opções de tratamento para a variação genética específica encontrada em determinado tumor.

1 A partir do sequenciamento do tumor, podem-se identificar alterações e escolher a melhor conduta de tratamento para o paciente.

2 O sequenciamento gera um arquivo de 100 mil a 200 mil linhas. O Watson analisa esse resultado a partir de sua base de conhecimento científico.

3 Um médico precisaria de 27 horas diárias de estudo hoje para se manter atualizado com todo o conhecimento produzido.

Uma equipe médica levaria meses para pesquisar e comparar casos e artigos científicos. Com o Watson, levam-se minutos.

A IMPORTÂNCIA

É uma tecnologia do futuro?

O Watson já é usado para o tratamento de neoplasias, mas ainda não é possível prever quando as várias aplicações possíveis estarão disponíveis. “Não será em menos de um ano e não será em mais de dez anos”, estima Dr. Meirelles. Ele já está em uso clínico experimental em seis países, incluindo os Estados Unidos.

Hoje, já há mais de 700 mil trabalhos científicos cadastrados no Watson. Grandes centros médicos como o Memorial Sloan Kettering Cancer Center começaram a “treinar” o Watson para ler padrões.

O Watson substitui o médico?


Em um estudo, a inteligência artificial acertou a expectativa de vida de um paciente numa proporção parecida com o acerto de médicos, em torno de 90%. “Mas esses dados precisam ser replicados e comprovados”, diz Dr. Meirelles. E o fator humano sempre será decisivo: só um profissional bem treinado pode prever em que casos a tecnologia pode de fato ser útil.

Onde mais a inteligência artificial pode ajudar?


Como o Watson sabe “ler” imagens, em todo diagnóstico que usa de exames de imagem. “Mas, sem banco de dados estruturado, bem definido, adotado, não vale grande coisa”, explica Dr. Meirelles. Isso porque, para aprender, o Watson precisa ser ensinado com milhares de imagens. Hoje, o Fleury colabora com essa construção do banco de dados. Outro uso em medicina é na conduta médica: o sistema avalia um conjunto enorme de linhas de tratamento e protocolos, para ver se o médico está seguindo as melhores práticas.

Como ele simula a inteligência humana?

A inteligência artificial mais sofisticada usa deep learning, uma forma de aprendizado semelhante às redes neurais do cérebro.

“É parecido com o aprendizado de um bebê. Com o tempo, a máquina aprende com ela mesma, e poderá ler e descartar um artigo ruim, ou desatualizado”, explica Dr. Gustavo Meirelles, Gestor Médico do Fleury.

O Watson vai confrontando dados e eliminando possíveis respostas, com processos internos de checagem. Assim, elege as respostas com maior probabilidade de acerto.

Quanto maiores os volumes de informação disponíveis, melhor o deep learning funciona.

Infográfico e ilustração Verônica Mambrini; Inara Negrão e Jorge Oliveira Fontes Dr. Gustavo Meirelles, Gestor Médico do Fleury, e Dr. Miguel Mitne Neto, Assessor Científico Sênior do Fleury.