Uma boa parte da população mundial tem enxaqueca, a mais comum de todas as inúmeras dores de cabeça. Apesar de não ter cura, é possível conviver com ela e evitar as crises. Especialistas explicam como.
Para uma parte considerável da população brasileira, ter a cabeça isenta de incômodos significa livrar-se da enxaqueca, uma das mais poderosas dores de cabeça dentre as que a Ciência já conhece. Ainda não se sabe quantos brasileiros têm o problema, mas estimativas americanas dão conta de que em torno de 13% da população mundial já teve enxaqueca alguma vez na vida. As que mais sofrem com o problema são as mulheres. Segundo Getúlio Daré Ribeiro, coordenador do Ambulatório de Cefaléia do Hospital das Clínicas de São Paulo, calcula-se que, aproximadamente, 20% da população feminina tenha enxaqueca. Entre os homens, a porcentagem é menor – de 5% a 10%. Um problema de saúde ainda sem cura, a enxaqueca pode ser amenizada e as crises, evitadas com pequenas medidas. Especialistas explicam quais são as causas dessa doença e dão preciosas dicas de como conviver com ela.
Vida moderna
O estresse da vida moderna, que muitas vezes enche a cabeça de preocupações, juntamente com horas a fio sem comer, noites maldormidas e oscilações hormonais – associadas ou não a uma predisposição familiar– são descritos como os principais gatilhos que disparam as crises de enxaqueca. A esses fatores desencadeantes segue um desarranjo que parece se iniciar no nervo trigêmeo, que inerva diversos segmentos da face, e evolui com um transtorno neurovascular cerebral. Nessa fase há grande participação de atividade anormal dos vasos sanguíneos que irrigam as meninges – membranas que envolvem o cérebro. Esse conjunto de reações é o responsável pelas características da dor.
E como diferenciar a enxaqueca de outras dores de cabeça? Quem tem enxaqueca descreve a dor como pulsante, ou como se alguém martelasse uma das partes da cabeça, pois ela não costuma afetá-la por inteiro. Essas pessoas também apresentam sensibilidade à luz e ao som. Além disso, as crises podem vir acompanhadas por náuseas. Um dos sinais que precedem a crise é que as pessoas afirmam ver luzes em flash ou podem ter uma espécie de perda temporária da visão, principalmente da região periférica, ou seja das “bordas” do campo visual. As crises são episódicas e a frequência é muito variável. Há pessoas que relatam ter enxaqueca diariamente. Outras, uma crise por ano.
No momento da crise uma boa dica é procurar um local tranquilo e com pouca luz e evitar movimentos bruscos. Repousar sentado, neste momento, costuma ser melhor que deitar. Evite alimentar-se e siga as orientações médicas, tomando os medicamentos para interromper a crise.
Ainda é um mistério
Os mecanismos que envolvem as crises de enxaqueca ainda não são totalmente conhecidos pela Ciência. Nas últimas duas décadas, no entanto, novos estudos têm dado pistas sobre o caminho da dor. Estímulos externos, como excesso de luz, cheiros fortes ou alimentação, ou internos, como falta de sono e mudanças hormonais, parecem ativar diversas reações que envolvem o nervo trigêmeo e suas conexões com regiões cerebrais.
Outra descoberta é que a enxaqueca também pode ser um problema geneticamente herdado. Segundo Getúlio Daré Ribeiro, ao fazer um levantamento do histórico de vida e familiar das pessoas com enxaqueca, geralmente se descobre que elas têm algum parente próximo que apresenta o mesmo problema. Portanto, algumas pessoas já nasceriam com maior predisposição de apresentar esse tipo de dor de cabeça em algum momento da vida. “O fato de poder ser geneticamente herdada ajuda, inclusive, a darmos mais atenção às queixas das dores de cabeça oriundas das crianças, filhas de pessoas que tenham enxaqueca”, afirma o neurologista Ayrton Massaro.
Sintomas possíveis
Dor pulsante e intensa de um dos lados da cabeça
Náusea ou vômito
Alterações visuais
Sensibilidade a luz, barulhos e cheiros
Sensação de cabeça cansada ou confusa
Nariz entupido
Suor frio
Couro cabelo sensível ao tato
A importância do especialista
Segundo a Academia Brasileira de Neurologia, 93% dos casos de enxaqueca recebem diagnósticos incertos. Por isso, ao ter dores de cabeça, é preciso procurar um médico especialista em cefaléia. Não há outra forma de solucionar a questão a não ser buscar um neurologista e contar a ele como é a sua dor, a freqüência, a intensidade e a duração dela. Com uma boa conversa, um exame físico cuidadoso e alguns exames laboratoriais é possível, inclusive, afastar outras causas de cefaléia.
São muitos os tratamentos disponíveis para a enxaqueca. Mas eles se dividem basicamente em dois tipos: os que agem na crise e os preventivos. Nos dois tipos de tratamento costuma-se utilizar uma gama de medicamentos com diversos tipos de ação. Existe ainda a possibilidade da indicação da acupuntura, associada ou não aos medicamentos. E quem sofre com a enxaqueca não deve desanimar se os resultados de um tipo de tratamento não forem efetivos de imediato. “Às vezes, o primeiro medicamento não controla a dor e é preciso mudar”, afirma Ayrton Massaro.
Evitando as crisesSe você tem dores de cabeça, procure um especialista para definir se o que você tem é enxaqueca.
Evite tomar medicamentos por conta própria, principalmente se estiver necessitando deles diariamente.
É muito importante lembrar-se do medicamento preventivo, pois é com ele que você pode evitar a dor
Para o seu corpo se beneficiar com as ações de endorfina e serotonina, faça regularmente uma atividade física de que você goste
Uma boa noite de sono e, se conseguir, alguns minutos de cochilo durante o dia são também medidas favoráveis
Evite ficar muitas horas sem comer
Evite recorrer ao cafezinho para “enganar” o estômago
Automedicação
As farmácias possuem inúmeros remédios que prometem a cura para a enxaqueca. E, durante uma crise, você corre o risco de ceder aos apelos da propaganda, ou pede uma sugestão de remédio a um amigo, e se medica por conta própria. Saiba que, se isso traz um alívio imediato, pode se transformar em um grande problema no futuro. O abuso de analgésicos acaba causando outro problema muito sério: a cefaléia crônica diária “Essa cefaléia é muito mais difícil de ser tratada do que a enxaqueca porque o corpo cria dependência da substância do remédio. Se a pessoa não toma o remédio ou se o efeito do medicamento passa, a dor volta”, explica Fernando Kok, neurologista do Fleury Medicina e Saúde.
Chocolate dá enxaqueca?
Existem alimentos que podem desencadear a enxaqueca. Alguns contêm substâncias que seriam responsáveis por alterar os vasos do cérebro. Mas há controvérsias nessa questão. Por exemplo, Getúlio Daré Rabello questiona essa relação. “Se você olhar a lista, só comida boa e gostosa deflagraria as dores. Nunca li que jiló ou mesmo água dê enxaqueca. Só vinho, chocolate, café”, diz ele. O especialista não menospreza a ação da cafeína nas crises. Mas afirma que se dá uma atenção exagerada e extrema aos alimentos nessa história, o que acaba fazendo com que a vida dessas pessoas seja mais limitada do que já é. “É preciso cuidado para que o indivíduo que sofre de enxaqueca não vire um eremita. Não se pode limitar ainda mais a vida dele, que já é complicada inclusive porque muita gente não compreende o seu processo doloroso”, enfatiza o médico.
Preste atenção em alguns alimentos. Talvez seja bom evitar grandes quantidades de: Queijos, iogurte, vinagre, nozes, amendoim, abacate, picles, laranja, limão, abacaxi, vinho tinto, azeite extravirgem, carnes enlatadas, embutidos, chocolate, aspartame, café, chá e molho de soja.
Atividade física
Os exercícios físicos também podem ser um grande aliado no combate às crises de enxaqueca. Ao movimentarmos o corpo, são liberadas no organismo endorfina e serotonina, substâncias que trazem bem-estar e auxiliam no combate à dor. A serotonina, em particular, é conhecida por sua ação vasoconstritora. Ou seja, ela reduz a inflamação e a dilatação dos vasos sanguíneos cerebrais, e isso, consequentemente, pode diminuir a dor. Mas, durante uma crise, nem pense em se exercitar. Dê um repouso ao seu corpo e somente retome as atividades quando estiver bem.
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