De bem com o corpo | Revista Fleury Ed. 23

Adaptar-se às mudanças do corpo durante a gravidez e explorar novas formas de se cuidar é a melhor maneira de manter a autoestima.

Adaptar-se às mudanças do corpo durante a gravidez e explorar novas formas de se cuidar é a melhor maneira de manter a autoestima.

Ao descobrir que está grávida, a mulher dá início a uma maratona de exames, novas rotinas e descobertas que vão se prolongar até o fim da gestação. O corpo mudará a cada dia, ganhará novas curvas e funcionará de modo diferente. Porém, essa fase pode ser uma oportunidade para ficar bem consigo mesma, cuidar melhor da saúde ou fazer as pazes com a pessoa que você vê refletida no espelho todos os dias.

Uma das principais mudanças ocorre na pele. Como, em certos locais, ela é distendida para acompanhar o desenvolvimento da gravidez – barriga, coxas e mamas, principalmente –, é importante hidratá-la bem, dia e noite, para evitar o surgimento de estrias. Existem produtos específicos para gestantes, com ingredientes adequados para ajudar na prevenção. Por outro lado, caso as estrias apareçam, só poderão ser atenuadas com tratamentos estéticos depois da liberação do médico no pós-parto.

Por conta das alterações fisiológicas da gestação, a pele tende a apresentar hiperpigmentação, principalmente em mulheres morenas. Por isso, é grande o risco de ganhar manchas escurecidas no rosto, conhecidas como melasmas, que exigem tratamentos intensos para que desapareçam. Para evitar o problema, é indicada a aplicação de protetor solar diariamente, sobretudo nos momentos de exposição ao sol. “É importante usar bloqueador solar com filtro físico e químico. No corpo, o fator de proteção deve ser de no mínimo 30, e no rosto, 50. Também vale proteger o rosto com chapéu, viseira ou boné”, alerta a obstetra Rosa Ruocco, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Durante a gestação, os cosméticos devem ter uso controlado, pois algumas substâncias podem afetar o desenvolvimento do bebê. Maquiagens, esmaltes, sodorantes de marcas conhecidas e já usadas antes são liberados. Cremes mais específicos, como os anti-idade e os autobronzeadores, exigem uma consulta ao obstetra. Tratamentos mais potentes, como peeling ou os estéticos corporais, geralmente estão proibidos. Essas recomendações também são válidas durante a amamentação.

Cabelos viçosos

Quem está grávida ou já passou por uma gestação sabe: os cabelos ficam mais brilhantes e viçosos. Isso acontece em reação ao aumento dos hormônios femininos, os progestágenos, e à queda dos masculinos, os androgênios. “O resultado é uma redução acentuada da queda dos cabelos e o aumento da oleosidade durante a gestação. Por isso os cabelos ficam tão bonitos”, explica Marília Moura Machado, dermatologista do Check-Up e da Dermatoscopia do Fleury Medicina Diagnóstica. No pós-parto, com as novas mudanças hormonais, pode ocorrer uma queda intensa dos fios, que leva de seis meses a um ano para cessar.

Mulheres grávidas ou que estão amamentando não devem fazer tratamentos químicos para os cabelos – o uso de tinturas e produtos que contêm amônia, chumbo, iodo, benzeno e formol é contraindicado. Por ser uma região muito vascularizada, o couro cabeludo absorve grandes quantidades dessas substâncias, o que pode afetar o funcionamento da tiroide e o desenvolvimento do bebê. Vale consultar o médico para saber quais produtos oferecem menor risco para a gestação.

Alimentos que cuidam

De bem com o corpo
Comer bem é importante em qualquer fase da vida – mas, durante a gestação, é fundamental. Os vegetais verdes escuros, como o espinafre, são ricos em vitaminas, cálcio, ferro e ácido fólico, este último importante para a boa formação do sistema nervoso do embrião. Frutas, verduras e legumes, além de fibras e grãos, ajudam a equilibrar o metabolismo da mãe e do bebê e estimulam o funcionamento do intestino, que tende a ficar mais lento na gravidez. Alimentos de origem animal, como carne, leite e ovos, são fontes de proteínas, necessárias para o crescimento fetal.

Mas atenção na hora de montar o prato. A carne crua, bem como os vegetais mal lavados, aumentam o risco de algumas doenças – por exemplo, a toxoplasmose, que pode causar malformações auditivas, oculares e neurológicas ao feto e aumenta o risco de abortamento. Café e chás que contêm cafeína, devido a suas características estimulantes, também podem ser prejudiciais se ingeridos em grandes quantidades – o ideal é consumir no máximo duas xícaras por dia. Grávidas podem tomar refrigerante, mas com cautela. Além de aumentar o risco de diabetes gestacional e o desconforto gástrico, os refrigerantes podem conter alta concentração de cafeína – caso daqueles feitos à base de cola.

Para garantir o aleitamento adequado no pós-parto, além da dieta balanceada, é importante que a mãe se hidrate e ingira no mínimo um copo de água a cada mamada. “Não há estudos conclusivos que liguem diretamente a ingestão de laticínios ou chocolate pela mãe às cólicas do bebê. Deve prevalecer o bomsenso e a sensibilidade materna, observando a aceitação do filho e sua relação com algum tipo específico de alimento ingerido por ela”, sugere a ginecologista e obstetra Simone Trojan Franco, do Fleury Medicina e Saúde.

Movimentos que alegram

Além de manter o corpo bonito e tonificado, exercícios físicos liberam endorfina, substância produzida pelo sistema nervoso e que estimula a sensação de bem-estar. Mas, antes de se exercitar, a grávida deve conversar com o seu médico. “Existem muitas mudanças que precisam ser levadas em consideração: as articulações e os ligamentos tornam-se mais amolecidos, suscetíveis a lesões, e precisam ser poupados. A postura se modifica, aparecendo a hiperlordose lombar, que compensa o deslocamento do abdome para frente e é responsável pelas dores nas costas e pela facilidade na perda do equilíbrio. O sistema cardiovascular passa a trabalhar mais, assim como o respiratório”, diz Simone.

Segundo a especialista, uma das atividades físicas mais indicadas é a hidroginástica, um exercício sem impacto que não exige equilíbrio e melhora o condicionamento físico. É ideal para todas as gestantes, especialmente as não habituadas a atividades físicas, mas somente após a 12a semana. Quem já é praticante de exercícios deve diminuir o ritmo e substituir as atividades de maior impacto. A gestante não deve se sentir cansada durante os exercícios, respeitando seus limites. As atividades mais indicadas são caminhada, natação, bicicleta ergométrica e musculação. Devem ser evitados jogos de confronto ou atividades que exigem equilíbrio. Os exercícios geralmente podem ser retomados seis semanas após o parto normal, ou entre 40 e 60 dias no caso de cesárea, ou conforme orientação médica.