De tudo um pouco | Revista Fleury Ed. 16

Você já parou para pensar sobre esse assunto? É com o intuito de provocar uma importante reflexão sobre sua saúde e qualidade de vida que o Fleury Medicina e Saúde lança essa questão.

Ele deu um sorriso maroto e já sábio nos seus 70 anos, quando leu a notícia no jornal: “Ovo faz bem para a saúde, ao contrário do que indicavam estudos anteriores”. O sorriso não era apenas de superioridade – dado que ele, na contramão da humanidade, consumia ovo às toneladas; era também um sorriso pela superação alcançada após décadas vitimado pelo medo do que, afinal, é inevitável: a morte.

Tudo mudou quando percebeu que, por temer a morte, estava desperdiçando a vida. Começou quando teve filhos e achou que não devia morrer. Passou a levar a sério alertas alimentares. Parou de comer ovo, entupiu-se de fibras, eliminou carne vermelha e começou a se esverdear de tantas verduras. Baniu frituras e fez da cozinha uma sauna: tudo no vapor. Eliminou a felicidade e passou a vegetar – sem colesterol, mas sem viço.

Até descobrir que um de seus novos parentes, a alface... mata. Pois, para sobreviver, a aguerrida folha secreta veneno contra os vermes – bípedes inclusive. (Seria preciso comer toneladas de alface para morrer, mas vai saber?) Então tomou a decisão. Não cortaria a alface, mas também voltaria ao ovo, ao bacon e à manteiga. Se ficasse diabético, claro, cortaria o açúcar; se hipertenso, tiraria o sal; se alcoólatra, pararia com o vinho; mas até lá, comeria e beberia de tudo. Sem exagero, mas um pouco de tudo.
E a vida ficou divertida de novo, até ler os jornais, onde descobre que muita fibra dá câncer ou que leite é ruim para adultos. Ele lê, pita seu charuto (dois por semana) depois da feijoada (uma por semana), bica o vinho do Porto (um por dia) e, enquanto as autoridades mudam de opinião sobre o que vai matá-lo ou não, prepara-se para deitar com a mulher. Pelo menos aqui não há controvérsia.

* Josimar Melo é jornalista especializado em gastronomia"