DNA Solidário | Revista Fleury Ed. 19

“Cresci ouvindo meus pais dizerem que a sorte deve ser compartilhada, uma vez que nem todas as pessoas têm a oportunidade de contar com o amor de uma família, ter saúde ou educação."

“Cresci ouvindo meus pais dizerem que a sorte deve ser compartilhada, uma vez que nem todas as pessoas têm a oportunidade de contar com o amor de uma família, ter saúde ou educação. E, embora ajudar o próximo sempre tenha sido algo muito natural para mim, nunca imaginei que a filantropia fosse se tornar minha principal atividade por mais de 40 anos. Quando moça, queria cursar faculdade de Letras e seguir o caminho literário, uma grande paixão. No entanto, há mais de 50 anos, o costume era outro. O casamento e a família vinham antes de qualquer coisa, e ainda bem que comigo não foi diferente. Além de um marido e filhas maravilhosos, segui por um caminho que só me trouxe felicidade. Antes de ingressar na Associação dos Cavaleiros da Soberana Ordem de Malta de São Paulo e Brasil Meridional, onde estou até hoje, trabalhei como voluntária na Liga das Senhoras Católicas (hoje Liga da Solidariedade), na Associação Santo Agostinho e no Hospital das Clínicas. Quando meu marido entrou para a diretoria da Ordem de Malta, decidi colaborar para que as atividades desenvolvidas pela associação fossem mais dinâmicas e estruturadas. Conforme o Centro Assistencial foi crescendo, tanto no que diz respeito aos serviços prestados quanto ao número de colaboradores e espaço físico, eu tive que me empenhar ainda mais para arrecadar recursos financeiros suficientes para manter e continuar a ampliar as atividades da instituição. Este foi o meu maior desafio (uma vez que sou uma pessoa extremamente tímida) e também a minha maior lição. Ao enfrentar essa minha limitação e conversar com pessoas que não conhecia, superei meus medos e tive a oportunidade de conhecer personalidades incríveis que acabaram me ajudando a construir parte de um sonho. Atualmente, o Centro conta com mais de 400 voluntários que trabalham para oferecer diversos serviços gratuitos à população de baixa renda da região do Jabaquara, zona sul da capital paulista. Além de um ambulatório médico-odontológico, conseguimos manter uma creche, um centro de juventude, cursos profissionalizantes e atividades esportivas para a comunidade, inclusive projetos especiais voltados para a terceira idade. Ao olhar para minha história, vejo que recebi muito mais do que doei. E hoje, completando 70 anos, esbanjo saúde e vitalidade e não tenho intenção de me aposentar tão cedo. Além disso, sinto um orgulho imenso ao perceber que servi de exemplo para meus filhos e netos, que também resolveram compartilhar sua sorte e perpetuar essa belíssima tradição familiar de ajudar ao próximo. Ver o respeito e a admiração que as pessoas têm pelo meu trabalho é o melhor reconhecimento que poderia receber.”


Thereza Cavalcanti Samaja, 70 anos, é a administradora do Centro Assistencial Cruz de Malta. O Fleury mantém dois projetos em parceria com a entidade: o Gestação, que atende gestantes da região do Jabaquara, e o Reciclando Sonhos, que atende jovens de 14 a 16 anos, este último em parceria também com a Cisne Negro Cia. de Danças.