Comer pequenos lanches ao longo do dia, como gelatina, pedaços de queijo, barrinhas de cereal e frutas secas ajudam a gestante a driblar a hipoglicemia e os enjoos
Comer pequenos lanches ao longo do dia, como gelatina, pedaços de queijo, barrinhas de cereal e frutas secas ajudam a gestante a driblar a hipoglicemia e os enjoos
Não há dúvida: sentir uma vida nascer e crescer dentro de si é uma experiência marcada por emoções e transformações intensas para toda mulher – seja uma mãe de primeira viagem ou alguém já habituado às dores e delícias da maternidade. Do primeiro dia à 40a semana de gestação, quando o bebê está pronto para vir ao mundo, células, tecidos, órgãos e sistemas passam por modificações progressivas para se adaptar às necessidades de nutrientes e oxigênio. Durante esse período, a mãe também enfrenta outro desafio: como manter o equilíbrio diante de tantas mudanças?
Tsunami de hormônios
Quem já passou por uma gestação ou está se preparando para se tornar mãe certamente já ouviu dos especialistas que o primeiro trimestre é o período mais crítico de transformações. De uma hora para a outra, o corpo precisa ficar pronto para gestar. A primeira grande mudança é o aumento na quantidade de hormônios circulando pelo corpo – um verdadeiro tsunami de progesterona, estrogênio, prolactina e gonadotrofina coriônica.
Cada um desses hormônios tem múltiplas funções. A progesterona, produzida pelo corpo lúteo do ovário, é essencial para a manutenção da gravidez. Ela permite o relaxamento da musculatura uterina – evitando a expulsão prematura do feto –, regula o transporte de nutrientes para o bebê e complementa o efeito do estrogênio sobre a mama, preparando as células glandulares para a futura produção de leite. O estrogênio, também secretado pelo corpo lúteo, promove o aumento da circulação sanguínea no útero e o crescimento dos dutos mamários e das células glandulares.
Já a gonadotrofina coriônica tem como principal função manter o corpo lúteo funcionando perfeitamente e produzindo progesterona e estrogênio até que a placenta esteja formada e madura – por volta da 16a semana de gestação –, capaz de secretar esses hormônios. “Estrogênio, progestágenos, o hormônio lactogênio placentário e a prolactina passam a atuar intensa e rapidamente”, explica Rosa Maria Ruocco, obstetra do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Toda essa produção hormonal promove alterações metabólicas que favorecem o crescimento fetal – mas isso não acontece sem sintomas. “Essas mudanças podem provocar sonolência, náuseas, deixar os seios muito doloridos e o humor lábil, oscilando do choro fácil à irritação”, explica a médica. Para lidar com esses fenômenos, a principal receita é uma boa dose de paciência. A dor nos seios costuma passar no segundo trimestre – até lá, o ideal é usar sutiãs de sustentação para gestantes ou um top confortável durante a noite. Quanto à sonolência, não há melhor remédio que descansar. “É bom evitar ambientes quentes e abafados e, se possível, tirar um cochilo após o almoço e tentar dormir cedo”, orienta a obstetra.
A alteração hormonal também está na origem das alterações do humor, mas não age sozinha. “Quando engravida, a mulher passa por um período de ajustes de papéis, deixando de ser filha para ser mãe. Toda a idealização desse papel, imaginado desde a infância nas brincadeiras de boneca, provoca dúvidas, medos e expectativas, principalmente sobre se a mulher será uma boa mãe”, explica Daniele Nonnenmacher, psicóloga do Espaço Gestar, do Fleury Medicina e Saúde. Se a ansiedade for muito intensa e afetar a tranquilidade da gestação, é o caso de procurar suporte emocional com um psicólogo ou psiquiatra. Mas, em geral, conversas abertas com o obstetra ajudam a identificar se é uma ansiedade fora de controle e desmistificar medos.
A instabilidade de humor da gestante tem também uma terceira causa: as náuseas. O enjoo é resultado da ação dos hormônios e, em alguns casos, pode ser sinal de hipoglicemia. A orientação de comer a cada três horas deve ser levada a sério para evitar a queda do nível de açúcar no sangue. “Além do café da manhã, almoço e jantar, a gestante não pode abrir mão de comer pequenos lanches, como gelatina, pedaços de queijo, barrinhas de cereal e frutas secas. Também é importante fazer um lanchinho leve antes de dormir. Isso ajuda a começar o dia menos nauseada”, orienta Rosa Ruocco. O ideal também é não tomar líquidos logo ao acordar, dando preferência a alimentos mais secos. “Se escovar os dentes piora a náusea, deixe para fazer isso depois de se alimentar”, afirma a médica. Algumas náuseas são acompanhadas de tonturas, que podem ser sintomas de alteração labiríntica – nesses casos, é necessário medicação indicada pelo obstetra.
É inevitável notar uma grande vontade de urinar. “No primeiro trimestre, a gestante faz muito xixi por causa dos estímulos hormonais. Depois que a gravidez avança, a causa será o peso do útero sobre a bexiga”, avisa Rosa Ruocco. O importante é não cortar os líquidos e ir ao banheiro sempre que tiver vontade. Jamais segure: isso evita a infecção urinária. “Se a grávida tiver qualquer desconforto ao urinar, deve conversar com o médico”, orienta Rosa Ruocco.
O segundo trimestre
Gravidez em equilíbrio
Enquanto o casal vai se acostumando com o fato de ser uma família, o organismo feminino continua se alterando. Falta de ar, inchaços nas pernas, azia e até intestino preso podem ser notados por volta do segundo trimestre. O organismo da grávida necessita captar cerca de 20% a mais de oxigênio, por vezes causando sensação de falta de ar (dispneia). Além disso, o corpo ganha até 50% a mais de volume de sangue e, com o excesso, o coração tem de trabalhar mais rápido. “O coração materno passa a bater entre 10 e 15 vezes a mais por minuto”, explica Marco Antonio Borges Lopes, obstetra do Fleury Medicina e Saúde e professor associado da clínica obstétrica da Faculdade de Medicina da USP. Haja fôlego! Mas o cansaço e a falta de ar podem ser minimizados com atividades físicas indicadas para gestantes, sob recomendação médica.
Durante a gestação, também é comum a ocorrência de edema (inchaço) nas pernas. Esse sintoma é geralmente decorrente do aumento da quantidade de sangue circulando, aliada à retenção de sódio, ao aumento da pressão intra-abdominal pelo aumento do útero, ao ganho de peso e à vasodilatação pela ação hormonal. “O uso diário de meia-calça elástica de compressão média, a prática de atividades físicas e, sempre que possível, um repouso no meio da manhã, com as pernas sobre almofadas ou travesseiros, colaboram para diminuir esse sintoma”, orienta o obstetra. Também é recomendável dormir à noite com as pernas elevadas.
Nesse período da gestação, também é importante prestar muita atenção ao que se come. Uma alimentação equilibrada é fundamental para controlar o peso e, principalmente, para que o corpo se adapte às alterações no tempo de digestão – que, em gestantes, pode ser mais prolongado. Assim, é melhor evitar bebidas que aumentam o risco de azia (como cafés e chás pretos) e alimentos muito calóricos e de difícil digestão. O ideal é fracionar as refeições, evitando alimentos que prendem o intestino, pois a motilidade intestinal também fica mais lenta. Alimentos ricos em fibras devem ser sempre os primeiros da lista.
É comum, ao final do segundo trimestre, a gestante passar a sentir dores nas costas. Isso ocorre porque o aumento do abdome faz com que a mulher modifique o seu eixo de gravidade para se manter ereta e andar. “Com isso, há uma sobrecarga da região lombar, causando a chamada lombalgia”, explica o obstetra Marco Antonio Lopes. Para tentar minimizar esse sintoma, o médico indica controle do ganho de peso, fisioterapia, exercícios na água e exercícios de fortalecimento muscular. Os exercícios preventivos são ótimos para enfrentar o último trimestre com mais conforto.
Outra mudança que a gestante nota são os cabelos mais volumosos e brilhantes. Além disso, há modificações na pele, que se estira para acomodar o maior volume corporal. Quanto ao cabelo, nenhuma recomendação especial. Para a pele, o ideal é controlar o peso e usar cremes na prevenção de estrias que podem surgir devido ao estiramento. Mesmo com esses cuidados, elas podem surgir por fatores genéticos.
Manchas escuras no rosto podem aparecer porque os melanócitos (células que dão coloração à nossa pele) trabalham mais durante a gestação. “Daí a necessidade do uso diário de protetor solar adequado a cada tipo de pele”, orienta Lopes. Há também o escurecimento das aréolas dos seios e o surgimento de uma linha vertical na barriga, iniciando na região dos pelos pubianos (e que some após o parto). É a chamada linha nigra. Lopes acrescenta que os hormônios da gestação podem aumentar a oleosidade da pele, exigindo cuidados individuais e atenção ao uso de produtos dermatológicos sem prescrição médica.
Terceiro trimestre
No último trimestre, a maioria das mudanças importantes que deveriam acontecer no organismo feminino já ocorreram. Nas últimas semanas, o corpo vai se preparando para o parto. Alguns desconfortos aumentam: dores nas costas, inchaços, azia e constipação. A vontade de fazer xixi intensifica e muitas grávidas precisam levantar no meio da madrugada para ir ao banheiro.
No último trimestre, pode haver alguma dificuldade para pegar no sono. “A dificuldade em dormir está relacionada ao peso da barriga, à falta de posição confortável e, principalmente, à ansiedade pelo que virá. A mulher se pergunta se vai dar conta do parto, de cuidar da criança, de entender o que ela quer, de amamentar, se vai conciliar maternidade e profissão”, diz a psicóloga Daniele.
Nessa fase, há muita expectativa, mas também emoções positivas, que se intensificam nas últimas semanas da gestação – e nada melhor para a gestante do que compartilhar esses bons momentos. “Contar com o apoio do marido minimiza as angústias e ajuda muito o casal”, diz Marco Antonio Lopes. Acima de tudo, as últimas semanas são o momento para fazer coisas agradáveis – curtir o casamento e a família, preparar a casa para a chegada do bebê, fazer passeios ao ar livre, dormir sem hora para acordar ou qualquer outra atividade que traga bem-estar e tranquilidade. Afinal, a gestação do primeiro ou dos demais filhos é o período de construção e preparação para a maternidade, a mais importante das alterações provocada pela gravidez e a única que é para sempre.
Por meio do Atendimento Móvel, é possível realizar o ultrassom obstétrico em casa. Nos dias de hoje, as futuras mamães têm muitos compromissos, sem contar as alterações de humor, choros repentinos e sensibilidade à flor da pele. Foi pensando nisso que resolvemos levar o Fleury até elas.
Para agendar ou saber quais são os exames realizados pelo Atendimento Móvel na sua cidade, entre em contato com nossa Central de Atendimento 24h:
Grande São Paulo – 3179-0822
Rio de Janeiro – 4004-1991
Demais localidades – 0800-704-0822
Com temas atuais e constantemente discutidos pela comunidade médica, o Fleury Med Podcast traz convidados renomados para lhe oferecer conhecimento médico de qualidade nas mais diversas especialidades.
Estão abertas as inscrições para o processo seletivo do Programa de Fellow em Dermatoscopia e Mapeamento Corporal 2025 do Grupo Fleury.
Conheça mais informações sobre o imunizante para VSR em bebês