Ao longo desses 90 anos, muitas histórias passaram pelo Fleury. Algumas são inesquecíveis. Convidamos profissionais de diferentes áreas para contar as experiências mais marcantes que viveram
Lembro um caso que aconteceu na época em que estávamos implementando a primeira Vila da Saúde, na unidade que hoje se chama República do Líbano I. A Vila da Saúde é um espaço exclusivo para o atendimento de crianças. Tem uma estrutura especial pensada para o atendimento pediátrico, preparada para receber não só exames agendados, mas também pacientes que chegam do pediatra com uma queixa aguda e precisam de esclarecimento rápido. Lá, a gente também oferece uma assessoria médica especializada, que acompanha o andamento e a liberação dos exames mais urgentes e dá um retorno ao médico que os solicitou.
Eu fazia parte dessa equipe quando chegou à Vila a solicitação de uma prova de sobrecarga de glicose com características muito especiais. O pediatra solicitava que fosse feito o controle de frequência cardíaca e pressão arterial nos mesmos tempos das coletas de sangue para as dosagens de glicose. Liguei para entender exatamente suas necessidades, já que era um controle que fugia muito do que estávamos acostumados a fazer. Conversando, ele me explicou que o menininho, que tinha menos de dois anos, estava com dificuldade no ganho de peso e atraso no desenvolvimento psicomotor. O pediatra tinha uma hipótese diagnóstica e, para comprová-la, precisava que o exame fosse realizado daquela maneira.
Entendemos a situação e mobilizamos toda a equipe da Vila. Fiquei ao lado da criança durante todo o exame, fazendo os controles nos mesmos tempos em que a enfermeira colhia o sangue. Depois disso, fiz um relatório personalizado com os resultados, que comprovou a hipótese do médico.
Depois disso, soube que a criança foi tratada e teve um desenvolvimento espetacular – o que fez todo o esforço valer a pena.”
Dra. Marcia cavichio, gastropediatra, trabalha na assessoria médica. No fleury há 15 anos, tem residência médica em pediatria no hospital do servidor público estadual de são paulo, especialização e mestrado pela universidade federal de são paulo.
“Há uns quatro anos, recebi uma ligação do setor de imagem de mama pedindo que eu analisasse e liberasse com urgência uma biópsia. O material era de uma moça de 36 anos, que tinha uma lesão palpável e uma forte suspeita de câncer na mama direita. Soube que ela estava muito aflita: além da suspeita da doença, ela tinha um bebê de cinco meses e ainda amamentava. Temos uma folha de comunicação interna, que vem com as informações mais importantes para a interpretação de cada caso. Porém, quando o caso é grave, é normal recebermos contato por telefone, pedindo urgência na liberação do exame. Foi o que aconteceu com essa moça. Agilizamos tudo e conseguimos dar o resultado no dia seguinte. A cada caso que chega, fico com o coração apertadinho, ansiosa para saber o resultado e torcendo para que não seja nada grave. O dela, felizmente, não era câncer, e sim alterações benignas associadas a uma doença autoimune, que ela nem sabia que tinha, e fizemos o diagnóstico pela biópsia. Fiquei tão feliz que liguei para a paciente para contar. Disse que era uma boa notícia, que eu tinha certeza do diagnóstico e que ela não tinha câncer. Essas ligações são sempre dramáticas porque os pacientes desabam, choram de alívio – e eu quase sempre acabo chorando junto com elas. No trabalho do patologista, poder dar boas notícias como essas faz com que tenhamos os melhores e mais recompensadores momentos. Mesmo não tendo contato direto com os pacientes, nos sentimos muito próximos deles.
Este ano, aconteceu um caso contrário: uma lactante com suspeita de mastite que, na verdade, tinha um câncer grave. Fiquei com aquilo na cabeça: alguns dias depois, liguei para o médico dela para saber como a paciente estava. Mesmo quando o diagnóstico é de câncer, me conforta saber que um bom diagnóstico pode proporcionar o melhor tratamento possível, e isso aumenta a chance de cura.
Eu libero mais de 50 exames por dia, mas alguns casos são realmente marcantes. Lembro também um caso de 1998, uma menininha de 11 anos que foi fazer um raio-x panorâmico para colocar aparelho ortodôntico. Na imagem, apareceu um tumor enorme na mandíbula. A dentista curetou a lesão e mandou o material para a biópsia. Ao examinar a lâmina, vi logo que era alguma coisa muito rara. Levei o caso à faculdade de odontologia da universidade de são paulo para mostrá-lo a três professores especialistas. De tão raro o tumor, eles acabaram levando a lâmina para um congresso nos estados unidos. E voltaram sem nenhuma conclusão. O fleury, então, mandou o material para os cinco melhores centros de patologia do mundo e vieram cinco diagnósticos diferentes. Foi quando decidi conversar com o pai da menina, expliquei que não havia consenso sobre o caso e dei a minha opinião: que deveriam operar a lesão, ampliar a margem de retirada, mas de forma não radical (no caso de um câncer, ela precisaria retirar toda a mandíbula), e fazer o acompanhamento periódico. Há uns dois anos, isto é, 16 anos depois, liguei novamente para a família. Soube que a menina, que hoje já tem quase 30 anos, está ótima, não teve mais nada do tumor, se casou, tem filhos. Nunca vou me esquecer dela.”
Dra. Monica Stiepcich, patologista, no Fleury há 22 anos. Tem residência médica em Anatomia Patológica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialização em patologia cirúrgica pela Mayo Clinic e doutorado em Oncologia pela Fundação Antonio Prudente.
“Recentemente, recebemos um senhor para fazer uma angiotomografia das coronárias. Esse é um exame em que os clientes podem ficar um pouco ansiosos e, por isso, o atendimento faz toda a diferença. Não me esqueço desse senhor porque, ao terminar o exame, ele me falou que se sentiu tratado por uma filha. Isso me deixou muito feliz. Sempre que coisas assim acontecem, sei que estou fazendo bem o meu trabalho. E isso vale para as coisas mais rotineiras. Há alguns meses, por exemplo, recebi um cliente muito nervoso, que precisava fazer um exame de sangue. Conversando, ele me disse que sofria muito quando precisava fazer coleta. Ele fazia controle sorológico há quatro anos e, por isso, colhia sangue a cada seis meses. Ele mencionou que, normalmente, são necessárias de três a quatro punções em cada exame para conseguir pegar uma boa veia. Eu o acalmei, disse que tomaria cuidado, que analisaria as suas veias e, se não encontrasse uma que aguentasse a punção, procuraria ajuda. Avaliei com atenção as duas mãos e os dois braços e vi que a melhor veia estava no dorso da mão direita. Só realizei o procedimento quando estava segura. Pude sentir o cliente respirar aliviado quando viu que deu certo. Antes de ir embora, ele me disse que isso nunca tinha acontecido e que, a partir daquele momento, ia sempre me procurar para fazer os exames. E ele realmente já me procurou outras duas vezes! Retornos como esses são um grande estímulo e mostram que vale a pena trabalhar com amor.”
Eunice de Paula, assistente de enfermagem em Tomografia e Ressonância, há nove anos no Fleury
“Um caso muito especial para mim aconteceu quando trabalhava na entrevista dos exames de Tomografia Computadorizada. Antes de fazer o teste, o paciente sempre conversa com um médico, para entendermos o caso e as necessidades de cada um. Naquele dia, atendi a família de um garoto de cinco anos. Num exame anterior, feito em outro serviço, tinham recebido o diagnóstico de um câncer no abdômen e estavam ali para fazer o estadiamento, uma avaliação que detalha a localização do tumor e avalia se já se espalhou para outros lugares. O acometimento de uma criança tão jovem tinha devastado a família.
Fizemos o exame com uma técnica que era nova na época, chamada TC multislice, algo que hoje está presente em todos os tomógrafos. Então vimos que aquela massa que parecia um tumor era, na verdade, um grupo de linfonodos aumentados, com padrão de processo inflamatório. Ou seja, o quadro não era de câncer. Liguei para o médico do menino e, após discutirmos o caso, voltei a conversar com a família. Lembro muito bem a emoção dos pais ao receberem a notícia: eles começaram a chorar de alívio!
Esse caso foi marcante porque aconteceu em um dos meus primeiros anos de trabalho no Fleury, e reforçou o valor de trabalhar em um lugar em que podemos fazer a diferença. Nem sempre a notícia que temos para dar é boa, na nossa área não são raros diagnósticos graves, mas essa proximidade com o paciente é um grande diferencial. Estamos sempre preocupados em acolher, em atender de forma humanizada, compreender o que o paciente espera, suas angústias. Isso vale nas entrevistas e também no momento dos procedimentos diagnósticos ou invasivos. Um ultrassom, por exemplo, pode levar de 15 a 30 minutos. Nesse tempo, os pacientes muitas vezes falam de suas dúvidas, de ansiedades com a doença. É o momento de explicar, de tranquilizar, de dar segurança. Hoje mesmo atendi uma paciente muito angustiada com uma notícia recente de câncer de mama na família. Ao final do exame, já estava mais tranquila e confiante quanto à eficácia do screening. Muitas vezes, a conversa vale tanto quanto o exame. É por isso que, mesmo depois que passei a me dedicar à gestão, faço questão de não deixar o atendimento, que é o momento em que fico mais próximo dos pacientes.”
Dr. Rogério Caldana, graduado em Medicina pela Unifesp, tem residência médica em Diagnóstico por Imagem e doutorado em Radiologia Médica. É gestor médico do Centro Diagnóstico no Fleury há 19 anos.
“Nesses meus dez anos de atendimento ao cliente, já vivi todo tipo de experiência. Cheguei a levar um resultado de exame na casa de uma cliente à 1h da manhã. O pai dela ia fazer uma cirurgia no dia seguinte, estava passando por uma situação muito delicada e acabei me sensibilizando com a história. Saí do trabalho, peguei um táxi e deixei o exame na portaria da casa dela. Logo que entrei no Fleury, passei por um treinamento por diversas áreas. Lembro de como eu ficava apreensiva ao acompanhar os exames, especialmente na medicina fetal. Lembro também de ter acompanhado um ultrassom de tiroide em que a cliente entrou muito apreensiva. Fiquei impressionada em como o médico conseguiu acalmá-la. Aquilo me mostrou exatamente a expectativa que a empresa tinha pelo meu trabalho: a gente trabalha com pessoas, e essa relação deve estar acima de tudo. Este ano, percebi como cliente o quanto isso é importante. Levei meu filho de seis anos para fazer um exame de sangue de rotina e uma audiometria pedida pela escola. Já tinha feito esse exame antes e fiquei pensando em como eles fariam para que uma criança pequena respondesse àqueles estímulos. A técnica envolveu meu filho em uma história incrível: disse que aquilo seria um jogo de videogame em que ele tinha que atirar sempre que ouvisse um barulho para ganhar pontos. Depois, na parte vocal, disse que iríamos brincar de telefone sem fio, que ele tinha que repetir todas as palavras para mim. Ele ficou tão encantado que nem chorou na hora de tirar sangue! Pessoas que fazem nossos filhos sorrirem, especialmente em situações delicadas, ganham a gente. Naquele dia, eu fui tratada como cliente e fiquei feliz em saber que eu também fazia parte daquela equipe.”
Denise Barony, gerente da Central de Atendimento, no Fleury há 10 anos.
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