Sei exatamente quando meu trauma começou. Nós, crianças dos anos 60, tínhamos de fazer um teste subcutâneo chamado Mantoux. A agulhinha era enfiada embaixo da pele (ainda me arrepio só de lembrar), um remédio era aplicado ali e esperávamos a reação para ver se precisávamos tomar a vacina contra a tuberculose. Hoje as crianças recebem a vacina BCG e estamos conversados (embora eu conheça algumas crianças que tenham ficado com trauma da fi gura do Zé Gotinha!).
Foi por isso que comecei a fugir de agulhas. O “fugir” não está escrito no sentido figurado. Lembro-me do dia em que resolvi fugir de dentro da farmácia na hora de tomar uma injeção. Corri, corri, corri desesperadamente. Quando percebi, tinha apenas dado a volta no quarteirão. Eu ainda não atravessava a rua sem a companhia de um adulto. Meu pai me recapturou e me levou para dentro da farmácia de novo. Precisou de mais dois para me segurar.
Minha antipatia por agulhas só foi aumentando. Eu me recusava a comer arroz do tipo agulhinha. Fiquei com receio de ser convocado para o Exército e ter que servir na Academia das Agulhas Negras. Não quis saber de ver o fi lme Hellraiser, com aquele sujeito cheio de agulhas na cara.
Até que a gente vira adulto e descobre que o medo de agulha é uma grande bobagem (disfarça, disfarça). A coisa começou a mudar quando fiquei sabendo que estava com o colesterol alto e comecei a fazer exames de sangue mensais. Na verdade, tive de desenvolver uma técnica bastante simples: nunca, em hipótese alguma, encaro a agulha. Viro o rosto e fico lendo os nomes de todos os funcionários que fizeram a limpeza da sala nas últimas horas.
Assim, eu e as agulhas estamos vivendo um momento de trégua. Mas tudo tem limites. Nos últimos meses, algumas crises de enxaqueca começaram a me rondar. O médico sugeriu algumas sessões de acupuntura. O quê? Eu de Hellraiser? Aí já seria o fim da picada!
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