O que está a nossa volta importa | Revista Fleury Ed. 27

Conectado ao ambiente, o skatista Bob Burnquist promove um estilo de vida mais saudável, propõe educar o mercado de esportes radicais e se engajou em ações voluntárias relacionadas ao plantio de orgânicos

O que está à nossa volta importa

Conectado ao ambiente, o skatista Bob Burnquist promove um estilo de vida mais saudável, propõe educar o mercado de esportes radicais e se engajou em ações voluntárias relacionadas ao plantio de orgânicos


""Eu preciso estar pronto fisicamente, cuidar da alimentação e praticar exercícios que não sejam apenas andar de skate. Afinal, tenho demonstração em um fim de semana, competição em outro. Para ter o gás, continuar, é preciso prestar atenção a todas as coisas à nossa volta. Assim, o pique dura mais.""


Quando questionado sobre qual é o sal da sua vida, o skatista brasileiro Bob Burnquist não titubeia: “Aprender algo novo todo dia”. E não é só da boca para fora. O esportista também salta de paraquedas, surfa e é piloto de avião e helicóptero. No skate profissional, já são mais de 20 anos de uma carreira cheia de surpresas e sucessos – e sua vida nas rampas continua a toda. Em junho deste ano, ele conquistou a 25ª medalha nos X Games (a quinta consecutiva na Megarampa), tornando-se o indivíduo com mais medalhas na competição mais relevante no mundo dos esportes radicais. Na megarampa que construiu no quintal de sua casa, na Califórnia, Bob treina novas manobras e passa o tempo inventando e montando novos obstáculos. Fora das rampas, Bob conecta o skate a diversas outras iniciativas e negócios. Com seu nome, são produzidos brinquedos, mochila, óculos, roupas e até uma pequena câmera para registro de manobras radicais. A marca está em convenções e em eventos esportivos. Há poucos anos, também lançou um jogo para smartphone, Bob Burnquist’s Dreamland, com cenários inspirados no quintal de sua casa.

Skate com orgânicos



Foi por causa do skate que Bob aderiu a um estilo de vida mais saudável e passou a promover essa ideia. “Na minha profissão, que é física, a gente precisa prestar atenção nisso se quiser ter longevidade”, explica. No seu quintal, em 2002, montou uma horta orgânica, que abasteceu 80% do que vendia no seu restaurante até o seu fechamento, em 2004. Durante todo esse período, grupos de organizações que lidavam com jovens participavam de atividades no quintal de Bob, tanto para visitar a rampa quanto para conhecer a horta. “Eles podiam botar a mão na massa também”, conta. O skatista desenvolvia, ainda, atividades em uma escola da região, com um parceiro fazendeiro orgânico. Depois de passar alguns anos fechada comercialmente, a horta reabriu em 2010, em parceria com o restaurante de comida mexicana Chipotle. “Em vez de só ter a marca aqui no jardim, a proposta era que o próprio jardim fosse um outdoor. Eu utilizava, a família utilizava”, conta. O que não fosse consumido era doado pela parceria a ONGs locais que atendem mães adolescentes e para um abrigo de sem-tetos. Todo o processo de produção também foi registrado para um projeto de educação em vídeo de incentivo à criação de hortas orgânicas em casa. A parceria durou até ano passado e, no momento, a horta espera um novo projeto para continuar. No quintal, Bob mantém, por enquanto, um grande pomar, com abacate, tangerina e maçã, entre outras frutas. “Sempre que eu puder, vou plantar e promover esse estilo de vida, para o skatista ter uma visão mais saudável, que não é só andar de skate: é o que a gente come, o que está à nossa volta, tudo é importante”, diz. Nessa mesma linha de ação, Bob se juntou ao grupo que fundou a Coalizão Politicamente Correta dos Esportes de Ação (ASEC, em inglês). “A proposta é educar o mercado de ação a praticar com mais sustentabilidade as compras, a escolha de material, o desenvolvimento do produto”, diz.